100ª reunião do Ceac

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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Decisões compartilhadas

Os conselheiros que participaram da centésima reunião do Ceac
O Conselho Editorial (Ceac) da Fundação Editora Unesp (FEU) reuniu-se na semana passada  pela centésima vez. Inaugurado em 1994, ainda na antiga Diretoria de Publicações da Fundunesp, primeira fundação de apoio da Unesp, o conselho afirmou-se enquanto política de gestão editorial da FEU. 

A reunião de número 100 é um marco para a editora, uma das pioneiras a criar um conselho editorial atuante, que assegura a presença da universidade na formação do catálogo. “O Ceac é a instância máxima de decisão de tudo o que publicamos. Já passaram por aqui representantes de todas as áreas do conhecimento e da maioria de nossos campi”, diz José Castilho Marques Neto, presidente da FEU e do Ceac, cujos membros, indicados por ele. “Ao contrário de tantos outros conselhos, o Ceac não é homologatório, mas realmente ativo: discute, opina e decide o que deve ou não ser publicado”, acrescenta Jézio Hernani Bomfim Gutierre, editor executivo.

Uma das características fundamentais do Ceac, segundo Gutierre, é o fato de em seu âmbito as decisões serem tomadas de forma colegiada. “Isso confere às escolhas um caráter da comunidade unespiana, e não de uma pessoa em particular”.

Gutierre explica que a editora recebe mais de mil propostas de publicações por ano, além de prospectar obras no mercado nacional e internacional. A área editorial faz uma avaliação prévia dos títulos e submete os pré-selecionados ao Ceac: “Não se publica nada que não tenha sido aprovado. E só compramos direitos autorais com autorização do conselho, como determina o estatuto da FEU”.

O Ceac constitui-se de onze membros: dez do corpo docente da Unesp mais a sua presidência exercida pelo diretor presidente da FEU.  Com mandato de dois anos, realiza seis a oito reuniões por ano.  A conselheira Maria de Lourdes Ortiz Grandini, professora de Literatura do Campus de Araraquara, afirma que participar do Ceac é uma das tarefas mais importantes que já desempenhou em toda sua história na academia: “Tenho a oportunidade de interferir na questão da publicação, central para nós”, diz, lembrando o papel crucial das editoras universitárias na publicação de obras fundamentais, mas de pouco interesse para casas comerciais. “A editora, além disso, é um braço fundamental da universidade. Sua linha editorial é sua identidade”.

José Leonardo do Nascimento, conselheiro e professor do Instituto de Artes, tem avaliação semelhante. Para ele, a editora é uma das atividades mais importantes da universidade, instituição que se justifica pela produção científica e cultural. O debate mais amplo sobre essa produção, diz, ocorre quando se lê um livro, uma resenha, quando se discute ideias: “Livros dialogam com outros livros”. Assim, a importância da atividade do Ceac, explica, é justamente possibilitar a socialização das pesquisas acadêmicas, não apenas da pesquisa endógena, porque a editora não publica somente livros de seus pesquisadores: “Não existe uma grande universidade sem um grande projeto de publicação e este projeto não pode ter caráter endógeno. Se isso ocorrer é uma evidência de que a editora universitária não se consolidou”.

Assegurar a consolidação alcançada pela Editora Unesp é, para o conselheiro Áureo Busetto, professor de História do campus de Assis, um dos sentidos mais fundamentais do Ceac.  Mas, diz ele, o conselho é importante também para a manutenção da linha editorial da Editora Unesp, a qual considera modelo para o país por ser afinada com pesquisas inovadoras e com a difusão de livros científicos: “Debater e selecionar são tarefas fáceis quando se tem a presidência e a editoria executiva que a gente tem”.

A conselheira Paula da Cruz Landim, docente da Unesp há quase 30 anos e atualmente coordenadora do Núcleo de Pesquisa Percepção e Cognição Ambiental (Nupecam), de Bauru, diz que participar do Ceac é um dos trabalhos mais prazerosos que ela já desempenhou, pois a atividade  se relaciona com  o que se deve entender como a função de uma universidade: “Estamos realmente contribuindo para a produção do conhecimento porque podemos de fato decidir”.

Castilho enfatiza que foi a participação coletiva e representação da comunidade de docentes e pesquisadores no Ceac que possibilitaram à Editora Unesp construir seu catálogo “vencedor”:  “Se entendermos a construção do catálogo como o centro propulsor de uma editora, podemos afirmar que as decisões deste conselho ao longo de cem reuniões, baseadas sempre em pareceres de especialistas e intenso debate entre seus membros, é expressão da missão mais alta da universidade nesta área: a disseminação do conhecimento”.

Independência construída

Conselheiro do primeiro colegiado do Ceac, instituído em 1994, e diretor da Editora de 1991 a 1993, o professor Carlos Erivany Fantinati, do campus de Assis, relembra que a construção desta atuação independente dos conselheiros foi erigida aos poucos, não sem uma dose de tensão, centrada em alguns pontos no seu princípio.  “Um deles foi a busca permanente da manutenção do equilíbrio instável e precário na relação de “independência dependente” entre o Ceac, a Editora UNESP, a fundação de apoio (Fundunesp) com a Unesp, à qual estão os três umbilicalmente ligados”, explica Fantinati. Outro ponto, acrescenta, foi a configuração do Ceac como o lugar que se constituísse na expressão de uma unidade que contemplasse as diferentes áreas do conhecimento e as distintas unidades da Unesp. Por fim ele se lembra da concretização de reuniões em que o caminho a ser percorrido até o consenso  final e definitivo sobre  o livro a ser publicado tivesse como base parecer de autor externo  à Unesp, “ transcorrendo sob o signo da autêntica discussão  acadêmica, regida pela urbanidade e respeito aos argumentos das múltiplas opiniões expressas pelos membros   do colegiado”.