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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Caune propõe ultrapassar a ideia da comunicação como 
mero instrumento de transmissão da cultura

Por Genira Chagas*

Interligação entre cultura e comunicação: essência da vida em sociedade
A Editora Unesp lançou, neste ano de 2014, importante material para estudiosos e estudantes das humanidades. Trata-se do livro Cultura e Comunicação: convergências teóricas e lugares de mediação, de autoria do pesquisador francês Jean Caune.

Para a elaboração da obra, Caune recorre a algumas áreas como Sociologia, Antropologia, Linguística e Estética, buscando refletir sobre a interligação entre Cultura e Comunicação que, segundo o autor, estão na essência da vida em sociedade. Esta, por sua vez, está na base da identidade do ser humano. Sendo assim, o autor assinala que “a aproximação entre as noções de cultura e de comunicação não é da ordem das circunstâncias históricas. Uma não se constitui sem a outra”.

Em sua reflexão, Caune propõe ultrapassar a ideia da comunicação como mero instrumento de transmissão da cultura. Ele sugere “não haver figura da dualidade, da complementaridade, da oposição ou da diferença capaz de satisfazer a relação de inclusão recíproca segundo a qual um fenômeno cultural funcione também como processo de comunicação, ou que um modo de comunicação seja também uma forma de manifestação da cultura”.

Ao recorrer distintas áreas das Ciências Humanas, o autor observa ser a linguagem o ponto comum entre Cultura e Comunicação. Seguindo Walter Benjamin, para quem a linguagem não se resume à comunicação do comunicável, mas que é ao mesmo tempo, “símbolo do não comunicável”, Caune a considera fundadora do sentido e da cultura, capaz de comunicar a experiência humana.

O trabalho é abrangente. O autor parte da Teoria Crítica, pensamento produzidos pela Escola de Frankfurt, até desembocar nas novas tecnologias do século 21, passando pela questão da mediação cultural, temática muito em moda nos cursos de pós-graduação. Para ele, essa nova temática estabelece uma ponte entre as práticas sociais tornadas dispersas pelas tecnologias da informática, do audiovisual e das telecomunicações. Nesse sentido, os processos culturais funcionam como espaços nos quais são transmitidas diversas formas de experiência humana.

* Genira Chagas integra a equipe Unesp de Jornalismo, é doutora em Política e Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (NEAMP) da PUC-SP.