terça-feira, 29 de outubro de 2013
Nesta edição da Feira, a 23ª de que participa, a Editora Unesp adquiriu as obras que planejou e criou novas estratégias para negociar seus próprios títulos, além de iniciar conversas sobre troca e compra conjunta de direitos autorais
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Estande no evento: títulos com forte potencial no mercado externo |
Esta edição da Feira de Frankfurt foi a melhor de todas para Editora Unesp, de acordo com Jézio Hernani Bomfim Gutierre, editor executivo: “Havia grande quantidade de autores top e tivemos oportunidade de conseguir os títulos que queríamos. Desta vez também apresentamos obras nossas, que despertaram grande interesse e estão sendo negociadas”.
Gutierre credita o bom desempenho ao fato do Brasil ter sido o país homenageado e, especialmente, ao trabalho desenvolvido na feira ao longo dos anos pela editora, que em 2013 participou com dois estandes – um no espaço das editoras universitárias, outro no pavilhão do Brasil. Segundo ele, a Editora Unesp se tornou conhecida e ganhou credibilidade no mercado internacional principalmente em função dos inúmeros negócios que firmou ali com várias empresas de renome.
José Castilho Marques Neto, presidente da Editora Unesp e secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), lembra, por sua vez, que esse relacionamento com o mercado foi construído a partir da presença ininterrupta da editora em Frankfurt nos últimos 23 anos: “É um resultado cumulativo”, diz, lembrando que, quando foi à feira como representante da Editora Unesp pela primeira vez, em 1990, era o único do segmento das universitárias do Brasil: “Eu estava sozinho”.
Novos negócios
Além de ter adquirido direitos de uma lista variada de obras, como
Sobre a crítica da razão instrumental e
A eclipse da razão, ambos de Max Horkheimer (da alemã Surhkamp), e estar negociando algumas outras, a Editora Unesp se concentrou mais fortemente este ano na negociação de seus próprios títulos. Como estratégia, levou exemplares em inglês do livro
A Abolição, de Emília Viotti, juntamente com um catálogo de obras com potencial no mercado externo: “
Abolition despertou um interesse que até nos surpreendeu”, diz Gutierre, afirmando que a editora negocia o título com uma editora alemã, algumas editoras russas e americanas, entre as quais a University of North Carolina Press, além de distribuidores australianos. A editora também já preparou uma segunda obra em inglês,
A Revolução Cubana, da coleção Revoluções do Século 20 que, junto com
Abolition, inaugura seu catálogo no idioma. A estratégia, segundo Gutierre, é começar a distribuir no varejo online com foco no mercado de língua inglesa e em possíveis edições impressas locais.
Numa outra frente, a Editora Unesp começou a conversar com editoras portuguesas e latino-americanas, entre as quais a Principia e a argentina Capital Intelectual, sobre troca e compra conjunta de direitos autorais, novas modalidades de negócios que começam a florescer no mercado editorial.
Também já está definida a participação da editora na plataforma Cambridge, que comercializa online livros universitários de editoras selecionadas. Serão encaminhados inicialmente os títulos já vertidos para o formato digital. Para Gutierre, participar da plataforma significa agregar prestígio: “Cambridge é uma grife”.
Universitárias
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Castilho: único editor universitário do Brasil em Frankfurt em 1990 |
O segmento das editoras universitárias, que pelo terceiro ano consecutivo ficou agrupado em frente ao pavilhão do Brasil, formando o “corredor universitário” estava mais bem representado do que nunca nesta Feira de Frankfurt. Foram 42 editoras, que expuseram 389 títulos, para 152 em 2012: “Em 1994, quando o Brasil também foi o país homenageado, éramos praticamente expectadores. Nesta edição fomos protagonistas, ao lado das demais editoras do mercado”, diz Castilho, referindo-se à participação brasileira e latino-americana do segmento. “Isso mostra que a estratégia de estimular a participação, apoiada pela própria feira, realmente funciona”, acrescenta.
Quando foi a Frankfurt pela primeira vez, 23 anos atrás, Castilho, que esteve à frente da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu) em três períodos, representou a única editora universitária presente no evento, a Editora Unesp. A visibilidade do segmento só aumentou desde então. Nesta edição de Fankfurt, aliás, Castilho falou sobre essas editoras na conferência “The role of university press in the book ecosystem”, promovida pela Feira. Ele também proferiu palestra sobre política de leitura no Brasil, com o escritor Affonso Romano de Sant’Anna e a presidente da Frente Brasil do Livro e Leitura, deputada Fátima Bezerra, e participou da mesa “O valor simbólico da leitura”, com o professor argentino Gustavo Sorá e a embaixadora da Argentina em Berlim, Magdalena Faillace.