Zombando de Du Fu
Do arroz cozido”, chamam esta colina.
Chapéu de palha enorme ao sol a pino,
Du Fu, ali rever, mofino e magro:
poesia é ofício desde sempre amargo.” (Libai)
A vila à beira do rio
Um claro rio se dobra em torno à vila e corre,
longo o verão – rio, vila, tudo maravilha.
Vão livremente e vêm aos pares andorinhas,
chegam-se às águas, perto, ajuntam-se gaivotas.
A esposa um tabuleiro de xadrez recorta,
o jovem filho dobra agulhas, faz anzóis.
Alguém doente busca as plantas para a cura,
humilde corpo, nada além disso procura. (Du fu)
Canção da cidade Wei
A chuva da manhã sobre a poeira leve,
no albergue ao pátio o verde intenso dos salgueiros;
então, senhor, toma outro copo deste vinho:
a oeste, além do Passo Yang, não tens amigos. (Wang Wei)
No lago
dois monges da montanha frente a frente
jogam xadrez entre os bambus a sombra
entre os bambus frescor ninguém se vê
por vezes ouve-se uma peça move (Bai Juyi)
Partindo e despedindo-se de Wang Wei
Quieto e sozinho o que esperar da vida
dias manhãs voltar de mãos vazias
Alhures busque-se a fragrante grama
pois vai-se um velho amigo lamentando
Poderes há no mundo e nos eludem
um verdadeiro amigo é mais que raro
Melhor é ser somente o solitário
fechar a porta ao antigo refúgio (Meng Haoran)
Frio do norte
um lado é o negro brilho a sombra e três são púrpura
o gelo encobre o rio mortos dragões e peixes
rompe-se em três a casca e quebra-se a madeira
passam carros de peso sobre as águas duras
as flores da geada à grama como prata
facas não cortariam o céu denso à neblina
ondas marinhas sobem chocam-se em rugido
montanhas silenciam ao arco-íris jade (Li He)
Bebendo junto às peônias em flor
Perante as flores hoje embriagar-se,
despreocupar-se a nem contar os cálices.
Temer somente das flores ouvir:
“não para o velho aquele, o nosso abrir”. (Liu Yuxi)
Compartilhando um luto
Lembro a elegância como um jade, a pele em pêssego
salgueiros tímidos ao vento, as sobrancelhas
Encerra a gruta do dragão aquela pérola
À base em fênix, só, na alcova resta o espelho
a repetir o sonho à noite, em chuva e névoa
não mais que a dor insuportável, sem parelho
A leste e oeste, agudas, fecham-se montanhas
ao sol, à lua: nunca mais uma esperança (Yu Xuanji)
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