Desde que desembarcou no Brasil, em 1930, quando ainda era um jovem professor de 27 anos, convidado da recém-fundada Universidade de São Paulo, Claude Lévi-Strauss manteve um relacionamento de admiração e inspiração intelectual com o país. Foi nesta passagem que inaugurou seus estudos sobre os povos ameríndios e colaborou com a Sociedade de Etnografia e Folclore de Mário de Andrade. Voltaria, então, só em 1985, quando reforçaria algumas das suas impressões iniciais. O próprio filósofo admite como este período foi importante na sua trajetória como pensador, e neste pequeno livro, Longe do Brasil, encontra-se na íntegra a entrevista concedida por ele em 1995, em que fala desta experiência.
Esta breve obra é, portanto, de grande valor para os que pretendem entender a própria formação do pensamento de Lévi-Strauss e a influência representada pelo Brasil neste processo.
Autor deste livro.
O autor apresenta um estudo etnográfico de povos de Iaueretê (Tariano e Tukano), no Alto Rio Negro, detendo-se nas transformações sociais que vêm sofrendo em função do contato com o homem branco. O trabalho inicia-se com um levantamento histórico da ocupação da região, passa por temas como demarcação de terras e, finalmente, apresenta uma análise detida sobre os dois povos, evidenciando seus mitos e a relação com os brancos.
Compreender a complexidade cultural dos povos e culturas indígenas que habitam a Amazônia é um desafio. Esta obra, boa parte baseada em pesquisa de campo, enfoca o conflito fundiário envolvendo os Macuxi, em Roraima, no período que vai da década de 1970 à de 1990. Permite, assim, uma discussão aprofundada sobre a ação das organizações indígenas para defender seus interesses e para formular projetos étnicos.
Eagleton toma como base sua insatisfação quanto ao significado antropológico amplo e com o sentido estético rígido da "cultura", e busca algo que a diferencie de outros conceitos fundamentais da Sociologia, por considerar em jogo o uso do conteúdo da alta cultura. Busca as transformações históricas pelas quais o termo passou e seus usos contemporâneos. Ao mergulhar na crise moderna da idéia de cultura, aborda os choques culturais, a dialética da natureza e da cultura, dialogando com Marx, Nietzsche e Freud, e aprofunda a visão com relação à homogeneização da cultura de massas, a função da cultura na estruturação do Estado-Nação e a construção de identidades e sistemas doutrinários.
Este livro é uma investigação antropológica sobre a relação dos Xikrin com os bens industrializados e mercadorias, que procura assumir um ponto de vista no qual a perspectiva dos índios ocupa a posição de figura e não de fundo. Ele tem a pretensão de mostrar que o desejo dos Xikrin pelos objetos que lhes são estrangeiros não é espúrio, inautêntico e exótico; ao contrário, é a expressão de um propósito e de uma história absolutamente (e, portanto, relativamente) indígenas. Seu objetivo é fazer uma descrição etnográfica dos "estranhos pedidos", ou seja, daquilo que vim a designar pela expressão 'consumismo xikrin' (sua grande demanda por dinheiro e bens), partindo do pressuposto de que tais pedidos não devem ser estranhos da perspectiva xikrin. O que é esse ponto de vista, que efeitos realiza na relação dos Xikrin entre si e com o nosso mundo - são as questões que propõe responder.
Nesta obra, que simboliza um exemplo da melhor antropologia social produzida no Brasil, a autora aborda a questão das relações raciais e sexuais no Brasil, em contraste com a experiência sul-africana. Baseada em entrevistas, observação etnográfica, dados demográficos, ficção literária, leis, teorias sociológicas, entre outros materiais e fontes, é colocado em discussão o modo como os relacionamentos afetivo-sexuais inter-raciais se estruturam e são pensados em diferentes sociedades, de acordo com políticas sexuais adotadas em distintos contextos nacionais.