Esta coletânea bilíngüe, em chinês e português, é, possivelmente, a mais abrangente já publicada na língua portuguesa de poesia da Dinastia Tang (618-907), a “idade de ouro” da literatura chinesa clássica. Reúne mais de 200 poemas de mais de 30 autores, incluindo algumas mulheres. Os três principais nomes da poesia daquele período – Li Bai, Du Fu, Wang Wei – estão representados na obra, que também contempla traduções de escritores como Bai Juyi, Meng Haoran, Li Shangyin, Du Mu, Liu Yuxi, Cen Shen, Wen Tingyun e Li He. Entre as autoras, estão presentes aqui trabalhos assinados por Li Ye, Xue Tao, Yu Xuanji.
O livro é uma contribuição relevante para o desenvolvimento dos estudos de literatura chinesa em países de língua portuguesa. Com uma introdução histórica e de teoria literária, notas explicativas e resenhas sobre os autores, baseia-se, principalmente, nas antologias mais consagradas – 300 Poemas da Dinastia Tang (século XVII), ePoemas de 1000 mestres (século XIII). Além disso, considera os principais textos de referência da tradição da tradução em português, inglês, francês e espanhol. A introdução e as notas abordam ainda questões da teoria da tradução, apresentam aspectos estruturais da poesia clássica chinesa, expõem os conceitos de paralelismo, tradução-recriação, tradução estrangeirizante, com base em aportes teóricos de Walter Benjamin, Roman Jakobson, Haroldo de Campos, François Cheng, Ezra Pound, Octavio Paz.
No princípio da Dinastia Tang, as pesquisas formais e estudos lingüísticos
haviam alcançado alto grau de refinamento na China. Em consequência do desenvolvimento próprio da ambiência literária ou de necessidades criadas pelos exames imperiais, que demandavam a sistematização de conteúdos, chegou-se, à época, a uma codificação e definição precisas das formas em uso, as quais constituiriam os modelos clássicos, que predominaram até o advento do Modernismo, nas primeiras décadas do século 20.
Autor deste livro.
Os versos da poetisa chinesa Yu Xuanji (844-869 d.C.) ganham agora sua primeira tradução para o português, em uma edição bilíngue que reúne seus 48 poemas e mais cinco fragmentos. Importante marco na literatura do país, a autora viveu em um momento de efervescência cultural na China, durante a dinastia Tang (618-905 d.C.), se destacando justamente pela ousadia de seus textos, expressando, através de um caráter praticamente autobiográfico, as angústias e sentimentos femininos, e contestando a posição que as mulheres ocupavam na sociedade da época. Outro aspecto também muito explorado nos poemas de Yu Xuanji, e que contribuiu para torná-la notável, é a sensualidade, afirmando seus desejos carnais por meio de versos provocantes.
Esta coletânea de artigos aborda as principais características do teatro ocidental, desde a tragédia grega até a dramaticidade e o espetáculo na obra Macário de Álvares de Azevedo, passando por momentos do teatro latino, a tragédia shakespereana, o teatro clássico francês e alemão, o melodrama e sua relação com a soberania popular, o simbolismo francês, a dramaturgia de Raul Brandão, o teatro norte-americano no século XX, um panorama sobre o teatro brasileiro e uma leitura de O Marinheiro de Fernando Pessoa.
Tadeusz Kantor (Polônia, 1915-1990) foi um dos mais importantes homens do teatro do século XX, e seu trabalho, fortemente influenciado pelas artes plásticas, principalmente pelas vanguardas do início do século passado (Construtivismo, Bauhaus, Dadaísmo, Surrealismo, Expressionismo). Seu teatro é marcado pela ocorrência de imagens fortes e perturbadoras, principalmente a partir da encenação de A classe morta (1975). Entre os vários elementos de sustentação, os objetos (sejam reais, cotidianos ou construídos exclusivamente para finalidade cênica) transpassam toda a sua obra. No entanto, Kantor nunca explicou satisfatoriamente essa ocorrência em seu teatro. Nesse sentido, este livro trata da reflexão sobre o objeto no teatro de Kantor, tendo como tema central a demonstração do objeto como elemento responsável pela criação de outra realidade de tempo e espaço onde seus espetáculos acontecem.
Os poemas presentes nesta obra procuram tratar do enigma da Existência e da impossibilidade humana de decifrá-lo, além dos mistérios da natureza, como o eterno retorno da lua e das estações do ano, a delicadeza da rosa, a videira - fonte do vinho e da alegria -, o amor, a arte. São tidos como 'pilares temáticos' com valor hedonístico, mas trágico - remetem ao prazer e à precariedade da vida humana, sem esperança alguma de eternidade ou redenção.
No decorrer da história do teatro, várias experimentações são feitas no sentido de deslocar a ação cênica para um espaço não concebido como edifício teatral. Desde o começo do século passado, diretores adotam a prática com o intuito de causar estranhamento, alterar e expandir possibilidades de leitura de textos dramáticos. Nos espetáculos analisados por Evill Rebouças, o espaço é fator preponderante nesse universo de descobertas e é sempre explorada a tensão entre a semântica própria de cada lugar e a proposta fabular que se opõe ao significado histórico entranhado naqueles locais. O autor se apoia em áreas complementares de pesquisa; recorre, por exemplo, à topofilia para fundamentar o seu discurso, o que enriquece seu estudo, pois são extrapoladas as fronteiras dos estudos específicos sobre o teatro. Este livro contribui para experiências futura s que visem a uma práxis fundamentada em conceitos mais amplos do fazer artístico hoje.