MORADORES DE FAVELA, TRAFICANTES DE DROGA E VIOLÊNCIA POLICIAL NO RIO DE JANEIRO
Retrato vivo do violento processo de tentativa do governo do Rio de Janeiro de retomar territórios da criminalidade nos últimos anos, esta obra, ilustrada com fotografias de Carlos Latuff, contesta a política de confronto com os marginais e traficantes, empregada ainda hoje pela Polícia Militar fluminense. Os autores trazem à luz o cotidiano de terror das comunidades expostas simultaneamente à truculência da PM, das milícias e dos traficantes, apontando ainda a resistência dos governadores às diretrizes do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que disponibiliza recursos do governo federal paraos estados investirem na área.
O livro também propõe rumos possíveis para a segurança pública no país, a partir de experiências internas e do exterior, como algumas das ações do próprio Pronasci e a proposta do relator especial das Nações Unidas, Philip Alston, de abolir a PM e substituí-la por uma nova força policial para servir, em vez de reprimir, a população.
Antes, porém, apresenta um relato histórico da segurança pública no país, particularmente no Rio de Janeiro. Retoma a origem remota da PM, filha da guarda real, nascida por decreto assinado pelo príncipe regente D. João VI em 1809. Explica como o papel da corporação, de policiar ruas e proteger a população, inverteu-se a partir da ditadura civil-militar (1964-1985), quando a PM passou a servir o estado no combate ao “inimigo interno”, ou seja, os opositores do regime. E mostra que após a redemocratização a polícia adotou um novo “inimigo interno”, os traficantes de drogas, mantendo a mesma mentalidade entronizada durante o regime de exceção.
O livro avalia as políticas de segurança adotadas pelos governadores do Rio de Janeiro desde a redemocratização, enfatizando avanços e recuos, sempre relacionados a interesses políticos, em relação ao foco em direitos humanos, e questionando o futuro das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), até agora instituídas somente nas favelas da zona sul da cidade maravilhosa, as menos violentas e mais próximas dos bairros de classe média.
Por meio de depoimentos dos próprios moradores das favelas e líderes comunitários, os autores mostram o terror a que eles estão submetidos, sem deixar de apontar a precariedade e o medo que predomina também entre os policiais – mal remunerados e mal preparados. Integram o livro ainda entrevistas com especialistas em segurança pública e políticos, como Lula, quando ele ainda era presidente, Fernando Henrique Cardoso e o governador Sérgio Cabral. Paulo Sério Pinheiro assina o prefácio: “Depois da publicação dos resultados desta monumental pesquisa ninguém poderá alegar não saber o que aconteceu (e o que continua acontecendo) durante a ocupação militar dos morros e comunidades populares na Cidade Maravilhosa”.
Autor deste livro.
Este livro aborda o tema da imigração italiana em São Paulo, do ponto de vista da inserção dos imigrantes no meio urbano, a fim de entender as práticas sociais que foram postas em ação nos encontros entre eles e a sociedade hospedeira, buscando compreender os caminhos possíveis que esses dois segmentos buscaram estabelecer nos diálogos entre si, por meio de discursos que visavam a fixar novas identidades e, conseqüentemente, a reordenação do social.
Este livro mostra como Kelsen ocupa um lugar fundamental não só no estudo de direito de Bobbio, mas também em sua teoria política. O filósofo italiano confessa que deve a ele ser um defensor da chamada concepção processual da democracia, vinculada à idéia proposta por Schumpeter de como a competição entre as elites as leva a tomarem o poder por meio de eleições livres. Formulada pelo jurista austro-norte-americano Hans Kelsen, a idéia de Teoria Pura do Direito, que exclui do Direito quaisquer referências estranhas, especialmente aquelas de cunho sociológico e axiológico (os valores), consideradas áreas de estudo da Sociologia e da Filosofia, é discutida neste livro pelo historiador do pensamento político Norberto Bobbio (1909-2004).
O tempo livre é visto hoje como elemento indispensável na busca de melhor qualidade de vida. Isso nos permite afirmar que as atividades que o preenchem e as formas de desfrutá-lo constituem via de acesso privilegiada para a compreensão e dinâmica cultural e dos valores sociais contemporâneos. Valendo-se dessa percepção, Magnani desenvolveu uma das primeiras pesquisas etnográficas realizadas no Brasil sobre as modalidades de entretenimento e suas relações com a rede de lazer.
Este livro apresenta as relações existentes entre gênero, mídia e política. Discute-se as representações de gênero no noticiário político brasileiro, compreendendo a visibilidade na mídia como uma variável relevante na definição das posições ocupadas por indivíduos e grupos sociais na política, e uma de suas principais questões é quanto e como a visibilidade de homens e mulheres na mídia contribui para a atual configuração das relações de gênero na política.
Vida e esperanças é um relato sobre a importância do reconhecimento na construção do cotidiano. Aborda a negação da fecundidade implicada na realização de esterilizações por mulheres de um bairro pobre urbano do Nordeste, compreendendo este evento como parte de uma busca ativa de reconhecimento de mulheres pobres enquanto pessoas num mundo repleto de controles, de violência, de emoções e de resistência. Acompanhando uma qualidade narrativa que desarma pela sua aparente simplicidade e evidente clareza, o leitor é transportado para a rede de amizades da autora onde convive com os tormentos da ambigüidade que não somente assolam as moradoras da periferia nas suas decisões sobre saúde reprodutiva e todo que isso representa para elas, mas também que assolam à própria pesquisadora social em busca de interpretações fidedignas ao que observara.