Historiografia, crítica textual e estudos bibliográficos articulam-se nos 12 ensaios que compõem esta obra para produzir uma arqueologia do processo editorial e mostrar que“a mão do autor” e “a mente do editor” sempre estiveram unidas. Roger Chartier analisa o processo de continuidade e descontinuidade da palavra escrita, de Gutenberg à invenção do conceito moderno de literatura, oferecendo significativa contribuição para a atual reflexão sobre a história do livro. O autor vem ao Brasil para o lançamento da obra, que acontecena próxima terça, dia 28 de outubro, com debate e sessão de autógrafos (confira dados abaixo).
Um dos objetivos básicos do volume, ele escreve, é alcançar melhor compreensão de elementos concorrentes na história, como as figuras e fórmulas que governam os textos ficcionais: “Obras de ficção – ou pelo menos algumas delas – e a memória coletiva ou individual davam ao passado uma presença que com frequência era mais forte do que aquela que os livros de história podiam fornecer”.
Daí a ênfase do livro em obras maiores de literatura, que ao longo dos séculos funcionaram de modo a talhar maneiras de pensar e sentir. O autor busca recolocar textos como Dom Quixote e peças de Shakespeare dentro de seus próprios contextos, diferentes do atual, recuperando o modo como foram originalmente criados, encenados, publicados e apropriados.
Tal preocupação justifica-se porque, de acordo com Chartier, as obras sempre sofreram impactos do trabalho de uma série de pessoas envolvidas com o processo de edição e impressão. Dos escribas do início da Idade Moderna, que transcreviam os originais do manuscrito do autor, aos censores que autorizavam a publicação, editores e revisores que preparavam e corrigiam o texto para a impressão.
Em diálogo com autores como Braudel, Febvre, Ricoeur e Freud, Chartier analisa esses processos, buscando os rastros que eles deixaram depositados sobre as obras no decorrer da História. E, ainda, o modo como contribuíram para a constituição do cânone literário e a noção de autoria nos séculos passados.
Autor de 6 livros disponíveis em nosso catálogo.
Este livro não faz uma sinopse da Revolução Francesa. Foi escrito como um ensaio que não busca resumir o que se conhece sobre o tema, mas sugerir dúvidas e interrogações.
Obra que faz parte da série de entrevistas com grandes historiadores. Roger Chartier, professor e especialista em História da Leitura, reconstrói a história do livro, desde seu início na Antigüidade até a era da navegação na Internet. Fartamente ilustrada, esta entrevista demonstra como a história do livro é tributária tanto dos gestos violentos que a reprimiram quanto da lenta conscientização da força da palavra escrita.
"São as múltiplas relações entre inscrição e esquecimento, entre traços duráveis e escritas efêmeras, que este livro deseja elucidar, detendo-se na forma segundo a qual essas relações foram registradas por algumas obras literárias, de diferentes gêneros, lugares e tempos. Trata-se, portanto, para nós, ao abordar essas obras antigas, de cruzar a história da cultura escrita com a sociologia dos textos. Definida por D. F. McKenzie como 'a disciplina que estuda os textos como formas conservadas, assim como seus processos de transmissão, da produção à recepção', a sociologia dos textos visa a compreender como as sociedades humanas construíram e transmitiram as significações das diferentes linguagens que designam os seres e as coisas. Ao não dissociar a análise das significações simbólicas daquela das formas materiais que as transmitem, tal abordagem questiona profundamente a divisão que separou, por muito tempo, as ciências da interpretação e da descrição, a hermenêutica e a morfologia."
Esta obra apresenta oito ensaios que constituem uma história cultural em busca de textos, crenças e gestos aptos a caracterizar a cultura popular tal como ela existia na sociedade francesa entre a Idade Média e a Revolução. O intelectual francês mostra que a cultura escrita influencia mesmo aqueles que não produzem ou lêem textos, mas interagem com eles. Ao revisitar a chamada Biblioteca Azul, coleção de livros acessíveis vendidos por ambulantes (romances de cavalaria, contos de fada, livros de devoção), além de documentos próprios da chamada "religião popular" e textos sobre temas que se dirigem a um público geral, como a cultura folclórica, o autor enfoca as tênues fronteiras entre a chamada cultura erudita e a popular e mostra como se ligam duas histórias: da leitura e dos objetos de leitura.
Especialista no estudo da história da escrita, o autor reúne cinco ensaios que mostram como o mundo digital está alterando a relação do leitor com o texto impresso. A ação da comunicação eletrônica sobre as publicações tradicionais é questionada. O próprio conceito de livro, para o pesquisador francês, está sofrendo transformações perante a revolução tecnológica propiciada pela comunicação via Internet e pela leitura cada vez mais comum de textos diretamente na tela do computador.