O objetivo desta pesquisa foi refletir sobre o movimento dos habitantes do rio Uaupés (afluente do rio Negro) em direção ao mundo dos brancos, buscando delinear o seu sentido segundo os princípios da sociocosmologia nativa. Ela dedica-se a pensar as transformações que ocorrem no modo de vida dos índios uma vez que eles deixam suas comunidades de origem, situadas ao longo de toda a faixa ribeirinha, e passam a residir na cidade de São Gabriel da Cachoeira. Ao se mudar para a cidade, a população indígena realiza um movimento de descida dos rios Uaupés e Negro para se fixar no curso médio desse último. Parte do pressuposto de que uma reflexão sobre o movimento dos habitantes do Uaupés em direção à cidade precisa considerar, de um lado, suas implicações para as relações sociais e o modo como ele se vê implicado por elas; de outro, as concepções cosmológicas que informam a imagem dos índios sobre si mesmos e sobre os brancos.
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Este é um estudo da organização social tuyuka. Seu horizonte teórico é o sistema social do Uaupés, a respeito do qual várias descrições de grande valor etnográfico já foram publicadas. As informações sobre os Tuyuka da área da fronteira Brasil-Colômbia contribuem para adensar o entendimento dos grupos Tukano Orientais e da região do alto rio Negro.
Nesta obra, que simboliza um exemplo da melhor antropologia social produzida no Brasil, a autora aborda a questão das relações raciais e sexuais no Brasil, em contraste com a experiência sul-africana. Baseada em entrevistas, observação etnográfica, dados demográficos, ficção literária, leis, teorias sociológicas, entre outros materiais e fontes, é colocado em discussão o modo como os relacionamentos afetivo-sexuais inter-raciais se estruturam e são pensados em diferentes sociedades, de acordo com políticas sexuais adotadas em distintos contextos nacionais.
Este livro é uma investigação antropológica sobre a relação dos Xikrin com os bens industrializados e mercadorias, que procura assumir um ponto de vista no qual a perspectiva dos índios ocupa a posição de figura e não de fundo. Ele tem a pretensão de mostrar que o desejo dos Xikrin pelos objetos que lhes são estrangeiros não é espúrio, inautêntico e exótico; ao contrário, é a expressão de um propósito e de uma história absolutamente (e, portanto, relativamente) indígenas. Seu objetivo é fazer uma descrição etnográfica dos "estranhos pedidos", ou seja, daquilo que vim a designar pela expressão 'consumismo xikrin' (sua grande demanda por dinheiro e bens), partindo do pressuposto de que tais pedidos não devem ser estranhos da perspectiva xikrin. O que é esse ponto de vista, que efeitos realiza na relação dos Xikrin entre si e com o nosso mundo - são as questões que propõe responder.
Neste trabalho, a autora procura abordar aspectos da dinâmica dos Guarani-Mbya, como xamanismo, mobilidade, relações de parentes e cosmologia. Inicialmente, compõe um mapa geral das duas aldeias mbya em que viveu, com o objetivo de tornar possível ao leitor visualizar os contextos locais em suas particularidades. Depois, aprofunda-se, dedicando-se à etnografia dos deslocamentos, do parentesco, de aspectos estruturais da multilocalidade mbya. Trata também da questão da não-durabilidade da vida humana, ligada ao tema da doença, analisa capacidades existenciais enviadas aos humanos pelos deuses, com atenção à noção de alma e dos nomes pessoais, finalizando com o tema da vida breve no comentário do tratamento, pela cosmologia mbya, da morte, da imortalidade e do destino incorruptível da pessoa na "Terra sem mal".
Compreender a complexidade cultural dos povos e culturas indígenas que habitam a Amazônia é um desafio. Esta obra, boa parte baseada em pesquisa de campo, enfoca o conflito fundiário envolvendo os Macuxi, em Roraima, no período que vai da década de 1970 à de 1990. Permite, assim, uma discussão aprofundada sobre a ação das organizações indígenas para defender seus interesses e para formular projetos étnicos.