O título deste livro tem um caráter provocativo e se refere a aspectos de uma vertente específica de construção da brasilidade, aquela identificada com ideias, partidos e movimentos de esquerda - e presente também de modo expressivo em obras e movimentos artísticos. Trata-se de uma aposta nas possibilidades da revolução brasileira, nacional-democrática ou socialista, que permitiria realizar as potencialidades de um povo e de uma nação. Essa brasilidade revolucionária, como criação coletiva, viria a definir-se com mais clareza a partir do final dos anos 1950, ganhando esplendor na década seguinte, seguido de seu declínio. Ela envolveria o compartilhamento de ideias e sentimentos de que estava em andamento uma revolução, em cujo devir artistas e intelectuais teriam um papel expressivo pela necessidade de conhecer o Brasil e de aproximar-se de seu povo.
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Este livro introduz o leitor nos anos 1960 e 1970, oferecendo-lhe uma visão abrangente, mas seletiva, dos fatos sobre os quais incide a análise histórica e sociológica. Análise séria e aprofundada, porém vazada em linguagem acessível, sem rebuscamentos dispensáveis. Aqueles anos de virada já suscitaram uma literatura numerosa de depoimentos pessoais, mas os trabalhos de pesquisa analítica ainda são escassos. Houve mesmo um declínio de interesse por aqueles anos malditos, na medida em que ganhou ímpeto, no país, o processo de finalização da ditadura militar e de reorganização democrática das instituições do Estado e da vida partidária. Generalizou-se o ponto de vista segundo o qual a esquerda, que se empenhou na luta armada, cometeu erros primários, a respeito dos quais não valia a pena perder tempo. Mas semelhante ponto de vista se diluiu e os anos rebeldes despertaram atração em época recente, associados à vivência das enormes dificuldades econômicas e das complicações políticas, sobre as quais não deixam de influir os acontecimentos internacionais relacionados com o desmoronamento dos regimes comunistas no Leste Europeu. Sendo assim, a publicação deste livro salienta-se por trazer respostas ou esclarecimentos às indagações das velhas e, sobretudo, das novas gerações politizadas ou despertadas para a atuação política.
Marcelo Ridenti estuda a idéia de revolução que se cristalizou a partir da segunda metade dos anos 60. Utilizando uma multiplicidade de perspectivas, seu trabalho visa esclarecer a vida e a morte dos projetos revolucionários. Para tanto, os pontos abordados são o movimento estudantil, a participação das mulheres, dos trabalhadores e ex-militares subalternos, o sonho da guerrilha camponesa e o pesadelo das ações armadas urbanas.
Aproximar-se do “povo” era uma das aspirações mais caras tanto dos militantes de esquerda quanto dos artistas e intelectuais brasileiros durante a ditadura civil-militar de 1964-1985. O novo país que eles almejavam construir, necessariamente, brotaria das raízes nacionais. O que os inspirou nessa busca, que refluiu após o triunfo da lógica do mercado global, nos anos 1990? Que herança teria deixado?
No final da década de 1960, artistas brasileiros consolidaram um movimento cultural divisor de águas conhecido como Tropicália. Atualmente, a música inspirada por esse movimento tem recebido considerável atenção tanto no Brasil quanto no exterior. Poucos novos ouvintes, contudo, conhecem a relação entre essa música e as circunstâncias por trás de sua criação, a fase mais violenta e repressiva do regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1985. Com importantes manifestações no teatro, cinema, artes visuais, literatura e especialmente na música popular, a Tropicália articulou com dinamismo os conflitos e aspirações de uma geração de jovens brasileiros urbanos.
Os imigrantes judeus começaram a desembarcar no Brasil já no início do século 16, num movimento que prosseguiria até as primeiras décadas do século 20. A historiografia brasileira, porém, ignora sua existência: não há vestígios desses imigrantes nos livros escolares ou nos compêndios universitários. Nesta obra, a socióloga Eva Blay propõe-se resgatar essa longa trajetória. Ela reúne informações de pesquisa histórica e, de forma pouco usual, entrevistas com judeus que vivem no país. O livro reproduz relatos de imigrantes provenientes de 17 países – a maioria da Europa Ocidental – e de diferentes classes sociais, questionando o estereótipo do judeu rico e bem sucedido.