Poucos são os estudos mais aprofundados sobre a produção de Lima Barreto, um dos expoentes da literatura brasileira do início do século XX e autor de obras clássicas como Triste fim de Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos. Mas esta pesquisa do inglês Robert John Oakley, que é professor de português e espanhol da Universidade de Birmingham, se diferencia ainda mais por ir além da análise das muitas obras do autor, entre narrativas longas, contos, sátiras e crônicas. R. J. Oakley, ao destrinchar a trajetória literária de Lima Barreto, baseia-se nos resultados da pesquisa sobre as pouco investigadas leituras do autor, e revela que textos como O que é a arte?, de Tolstoi, Os heróis, de Thomas Carlyle, e autores como Herbert Spencer e Henry Maudsley, serviram muito para desenvolver sua concepção da prática da escrita e do papel da literatura. Neste livro, o leitor poderá ter acesso a uma visão mais ampla do pensamento barretiano, partindo justamente das obras que serviram de referência na formação do seu caráter crítico. Assim, em um trabalho meticuloso, R. J. Oakley mostra como a influência de textos variados é capaz de moldar um escritor.
Autor deste livro.
Lançado originalmente em 1976, este livro de Terry Eagleton veio em um momento em que as principais ideias do marxismo estavam em ebulição nos círculos intelectuais e presentes nas discussões acadêmicas. A partir do gancho oferecido pelas circunstâncias de então, o autor procurou uma abordagem diferenciada do pensamento marxista, buscando sua relação com a produção artística e o modo como a ideologia influencia a literatura
Até mesmo os que ainda ensaiam os primeiros passos em estudos literários poderão encontrar neste livro um caminho de acesso ao amplo e complexo tema do foco narrativo e fluxo da consciência. Se o terreno é árido e a abordagem da obra rigorosa, o texto é agradável e fluente. Partindo das teorias mais amplas para as mais específicas, o autor, Alfredo Leme Coelho de Carvalho, intercala explicações acerca dos marcos desses conceitos com exemplos concretos de sua aplicação, sempre citando obras clássicas.
Considerado o melhor escritor realista português do século XIX, José Maria de Eça de Queiroz (Póvoa de Varzim, 1845 - Paris, 1900), é autor de obras clássicas como Os Maias e O crime do Padre Amaro. Esta biografia utiliza vasta correspondência do artista, parte dela incorporada à Biblioteca Nacional de Lisboa. É possível assim conhecer o homem de humor irreverente e estilo simples e fluente. Eça de Queiroz é apresentado como um idealista sinceramente envolvido com a inserção de Portugal no mundo moderno. Nesse sentido, sua obra jornalística e novelesca pode ser lida como uma crítica ao atraso cultural e uma tentativa de colocar a alma lusa em sintonia com um novo mundo científico do qual Portugal não podia ficar distante.