DO CARNAVAL NA PROCISSÃO AO TEATRO NO CÍRIO
Este livro integra o filão temático que o escritor e pesquisador cultural e musical José Ramos Tinhorão inaugurou em 1988, ao publicar, em Lisboa, Os negros em Portugal – Uma presença silenciosa. Aqui, ele amplia o foco da obra inicial – onde procura evidenciar que a colônia não era receptora exclusiva do tráfico negreiro – para captar a influência negra na cultura lusitana, algo que, afirma, os portugueses tentam “esquecer”.
Para isso, amparado em minuciosa pesquisa histórica, Tinhorão esmiúça os rituais católicos desde os primórdios, e explicita a participação dos negros nas procissões de Corpus Christi pelo menos a partir dos anos 1600. Ele demonstra nesta obra que os escravos africanos participavam dessas procissões em Portugal ao lado de outras minorias étnico-religiosas – como judeus, mouros e ciganos –, presentes nas confrarias de trabalhadores dos variados ofícios, as quais eram obrigadas a participar do cortejo oficial.
Autor deste livro.
Estudo básico sobre Cláudio Manuel da Costa. O autor elabora uma avaliação precisa do contexto literário arcádico no país e uma análise original da obra do poeta mineiro.
Análise das mudanças ocorridas na vida econômica e social de São Paulo ao longo dos últimos vinte anos. Esta coletânea é o resultado do seminário "Interiorização do desenvolvimento", realizado em 1987, que reuniu pesquisadores e diretores de órgãos públicos e centros de pesquisas. Trata-se de um esforço de compreensão do complexo processo que transformou o interior paulista no segundo pólo econômico do Brasil.
Os textos que integram este livro demonstram que foi o Estado, e não a livre iniciativa, a mola propulsora do veloz desenvolvimento dos Estados Unidos ao longo do século 19. Naquele período, o país deixou a condição de subdesenvolvido e alcançou o status de maior economia do planeta, suplantando as economias da Inglaterra, França e Alemanha juntas. Baseados no exame de vasta literatura, os autores mostram que nos anos 1800 a intervenção estatal foi decisiva para a rápida expansão das fronteiras para o oeste. A chamada “marcha” se deu a bordo da capilaridade de extensa malha ferroviária e um sem número de universidades que, construídas com forte apoio do poder público, desencadearam a urbanização. No século 20, o governo impulsionaria a estratégica área de inovação. A União bancava boa parte dos custos dos projetos de desenvolvimento por meio da doação de propriedades no começo do século 19, pois era dona de nada menos do que 80% das terras do país, fatia que superava os cinco milhões de quilômetros quadrados, área equivalente a mais de “meio Brasil”. Apenas para as ferrovias, o governo federal doou, diretamente, cerca de 530 mil quilômetros quadrados, o que equivale aos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina juntos. Para a educação destinou mais de 400 mil quilômetros quadrados. À generosidade das políticas do governo de Washington para diversos setores somaram-se estímulos de políticas intervencionistas dos estados federados e governos locais, em especial na regulação de atividades econômicas como manufaturas, bancos e comércio, e na edificação dos internal improvements, sem os quais a indústria e o gigantesco mercado interno dos Estados Unidos não teriam se viabilizado em tal velocidade. As próprias associações civis floresceram à sombra do Estado, que por meio de suas agências sempre se empenhou na criação, proliferação e manutenção desses grupos organizados. “Contudo [...], até mesmo analistas sofisticados insistem em minimizar essa intervenção do comando estatal no desenho do modelo socioeconômico, em particular quando o discurso se dirige a países em desenvolvimento, como uma ‘lição da história’”, escrevem os autores.
A Revolução Francesa "foi, e continua sendo, a base para uma enorme esperança, a esperança de mudar o mundo, eliminando as injustiças, em nome das luzes da razão e não de um fanatismo cego. Como ela se inscreveu na história num momento determinado da evolução das forças econômicas, sociais e culturais, sabemos que seu êxito teve origem na união das aspirações da burguesia e das classes populares. E, por causa disso, percebe-se bem tudo que fica faltando: a conquista da igualdade pela mulher, a ratificação do fim da escravidão, mas, sobretudo, a eliminação das desigualdades sociais, no momento mesmo em que, ao desferir o golpe derradeiro no feudalismo, ela estabelece as bases sobre as quais irá progredir a sociedade liberal, do século XIX até os dias de hoje."
Obra que faz parte da série de entrevistas com grandes historiadores. Roger Chartier, professor e especialista em História da Leitura, reconstrói a história do livro, desde seu início na Antigüidade até a era da navegação na Internet. Fartamente ilustrada, esta entrevista demonstra como a história do livro é tributária tanto dos gestos violentos que a reprimiram quanto da lenta conscientização da força da palavra escrita.