Esta obra de Erasmo de Roterdã (1466-1536) aborda questões religiosas e filosóficas, mas seu tema central é a retórica. Construída em forma de diálogo entre três personagens, satiriza e procura pôr em xeque o discurso estético dos ciceronianos de então.
O pano de fundo do diálogo é marcado pela efervescência intelectual do século XVI, quando pululavam contendas ideológicas, embates retóricos, e resgatavam-se, pelos humanistas, os clássicos antigos. Instaura-se nesse contexto uma polêmica em torno da figura de Cícero, o grande orador romano. Gramáticos e retóricos puristas, principalmente italianos, levavam ao extremo o conceito de imitatio e consideravam que apenas o que estivesse calcado em Cícero, estritamente circunscrito em seu vocabulário e em sua técnica argumentativa, seria admissível como bom discurso. Eram os chamados ciceronianos.
De fato, a presença de Cícero em todo o pensamento retórico da época era inegável e delimitava as facções em choque: de um lado, os ciceronianos “estritos”, ou “ciceronianos simples”, e, de outro, seus opositores, os “ecléticos”. O segundo grupo partilhava uma visão mais abrangente da imitatio, considerando lícito, e mesmo desejável, que se utilizassem vários modelos, que deveriam ser assimilados e adaptados segundo a conveniência – regida pelo tema e pela plateia. Após ser criticado por ciceronianos italianos, Erasmo se envolve na polêmica, publicando, em 1528, este Diálogo ciceroniano.
Trata-se de um debate entre três personagens, Nosópono (o ciceroniano), Buléforo (o que traz à tona as posições do próprio Erasmo) e Hipólogo (aquele que enseja as situações de embate entre Buléforo e Nosópono). O ciceronianismo, representado pelo primeiro personagem, é duramente satirizado pelo personagem
Buléforo, que, ao fim e ao cabo, acaba por derrotar seu opositor, utilizando para isso a própria argumentação ciceroniana. Ao mesmo tempo em que justifica sua heterodoxia, Erasmo discute padrões essenciais de crítica literária e chega a considerações estéticas e epistemológicas que ultrapassam de muito os aparentemente estreitos limites da vetusta crítica aos ciceronianos.
Autor deste livro.
Os artigos que compõem esta coletânea foram publicados entre 1969 e 2005, e têm uma temática persistente: a da vida cotidiana e comum que a filosofia não pode nem deve trair se não quer converter-se em mero jogo de palavras. Para o autor, o pirronismo repensado e rearticulado conforme a linguagem e os problemas filosóficos da contemporaneidade, preserva, no entanto, total consonância com a inspiração original do pirronismo histórico e a mensagem da Sképsis grega continua plenamente atual, respondendo às necessidades filosóficas também de nosso tempo. São abordados: o conflito das filosofias, a filosofia e a visão comum do mundo, oceticismo e o mundo exterior, o ceticismo e a argumentação, a verdade, o realismo e o ceticismo, o ceticismo pirrônico e os problemas filosóficos,a autocrítica da razão no mundo antigo,o empirismo e o ceticismoe o argumento da loucura.
O ensaio principal deste livro Ulisses e as sereias era uma discussão sobre pré-compromisso ou auto-restrição, em que o autor tentou caracterizar o conceito e ilustrá-lo com exemplos de vários domínios do comportamento humano (e animal). Depois faz uma uma análise mais sistemática do que a aplicada na abordagem anterior, sendo a principal idéia em análise uma distinção entre motivos e dispositivos de pré-compromisso. O resultado é que alguns fenômenos discutidos aparecem tanto como motivos quanto como dispositivos. As pessoas podem se pré-comprometer contra a raiva, mas também podem se pré-comprometer a se enraivecer para conseguir o que querem. O Capítulo 2 reflete uma mudança na minha dele sobre constituições como dispositivos de pré-compromisso. O Capítulo 3 explora a idéia de que limitações auto-impostas ou impostas externamente podem aumentar o valor das obras de arte. Na arte, assim como em todo lugar, menos pode ser mais. A opção artística, para ser significativa, não pode ser exercitada em um campo de possibilidades ilimitadas.
Esta edição bilíngue dos hinos homéricos destina-se a todos aqueles que se interessam pela Mitologia, Religião, Língua, Literatura da Grécia Antiga e Antropologia. Todos os esforços foram envidados para que tanto a tradução dos hinos quanto os estudos sobre as divindades gregas homenageadas ficassem também ao alcance do leitor culto, de amplos interesses humanísticos, que já sabe (ou pelo menos desconfia) que a mitologia grega é muito mais do que uma simples coleção de antigas lendas sobre deuses e heróis da Grécia Antiga.
Monk & Raphael montam um painel geral da história da Filosofia, no qual os autores mais influentes são analisados pelos comentadores de maior prestígio em cada área. O objetivo desta coleção é, assim, apresentar ao leitor o pensamento dos principais nomes da Filosofia, por meio de textos ao mesmo tempo rigorosos, elucidativos e concisos. A estratégia aqui é concentrar as análises nos eixos básicos que articulam as obras em questão. Dessa forma, cada filósofo é introduzido pela elucidação de suas principais posições.
Este notável trabalho de Quentin Skinner desenvolve uma reavaliação radical da teoria política hobbesiana. Fazendo uso de um número impressionante de fontes manuscritas e impressas, Skinner alicerça uma leitura inteiramente nova do desenvolvimento intelectual de Hobbes e reexamina a passagem da cultura humanista para a científica no pensamento político e moral europeu. Ergue-se, assim, uma peça essencial para a intelecção da obra de um dos mais difíceis, influentes e desafiadores filósofos políticos.