O pensamento político ímpar e a trajetória do ativista Edward Said, um dos intelectuais mais proeminentes do século 20, emergem com simplicidade das cinco entrevistas que compõem esta obra, concedidas por ele ao jornalista norte-americano David Barsamian entre 1987 e 1993. Os depoimentos desvelam ainda o homem por trás da obra, ao trazerem à tona as ansiedades e angústias de Said acerca das relaçõesentre Israel e Palestina num período crucial da história do conflito entre os dois povos, além de relatos de episódios pessoais comoventes e comentários sobre escritores inevitáveis para ele, como Joseph Conrad, Jane Austin, T. S. Eliot e Albert Camus.
Na entrevista “A política e a cultura do exílio palestino”, de 1987, Said detalha sua visão sobre a importância do resgate da cultura palestina, tanto em nível interno quanto externo, para demonstrar a “existência” de um povo que Israel procura negar de modo a continuar justificando indefinidamente a invasão de seus territórios: “A nossa posição é singular porque somos as vítimas das vítimas”.
Na segunda entrevista, “Orientalismo revisitado” (1991), Said discute o conceito anacrônico e desvirtuado do Ocidente em relação ao Oriente, particularmente o mundo árabe, tomado como uma única cultura – depravada, indigna, sensual e violenta. Em “Cultura e Orientalismo” (1993), ele comenta seu livro homônimo e nas duas últimas entrevistas – “O acordo entre Israel e a OLP: uma avaliação crítica” (1993) e “Palestina: traição da História” (1994) ele explica como acompanhou e avaliou as negociações que culminaram no Acordo de Oslo (1993), o qual define como uma “capitulação” palestina. Ao longo de toda a obra, aliás, transparece o crescente sentimento de decepção de Said com Yasser Arafat, e são esclarecidas as diferenças políticas entre os dois.
O livro ainda inclui textos introdutórios de Arlene Clemensha, Eqbal Ahmad e Nubar Hovsepian, que, assim como as entrevistas, falam do homem que ergueu o intelectual e trazem mais luz ao pensamento de Said, cuja questão, a da Palestina, permanece em aberto após 10 anos de sua morte.
Considerado uma das vozes mais potentes pelos direitos dos palestinos, Edward Said (1935-2003), nascido em Jerusalém, foi um influente crítico cultural. Lecionou Língua Inglesa e Literatura Comparada na Columbia University e publicou diversas obras, entre elas Beginnings: intentions and method e The pen and the sword e The world, the text and the critic, que a Editora Unesp planeja publicar em 2013.
Esta obra indispensável de Edward Saíd, ícone da resistência política e cultural da Palestina, está sendo editada pela primeira vez no Brasil. Escrita entre 1977 e 1978 e publicada originalmente em 1979, foi atualizada pelo autor no prefácio à edição de 1992.
Estudo sobre a experiência histórica da guerra revolucionária no século XX. Andando na contracorrente das análises atuais, Saint-Pierre reavalia o jogo político por trás da efetivação da luta armada e os resultados que essa escolha produziu no século XX.
Este livro é resultado de um esforço coletivo: o de publicar reflexões sobre o tema da anistia; o de reunir pessoas para debater sobre a história política recente de nosso país, sobre as lutas travadas em favor da democracia, sobre as conquistas e derrotas dos movimentos, sobre os direitos humanos, sua violação e a impunidade que rodeia esta questão. É também resultado de um esforço que se iniciou pouco depois dos primeiros abusos da ditadura militar, com as primeiras lutas pela liberação dos presos políticos, pulverizadas em ações pontuais que mais tarde se constituiriam em uma grande campanha nacional pela anistia no Brasil.
Os recursos financeiros para ajuda humanitária cresceram significativamente nos últimos anos – os fundos das Nações Unidas para esse fim, por exemplo, saltaram de US$ 2 bilhões em 2000 para US$ 11 bilhões em 2009. O valor, porém, é irrisório se comparado aos US$ 802,9 bilhões que os Estados Unidos despenderam entre 2003 e 2011 na Guerra do Iraque, provocando a morte de algumas centenas de milhares de iraquianos e transformando em refugiados internos cerca de 5,5% da população do país (algo em torno de 1,6 milhão de pessoas).
Coletânea de ensaios apresentados na VI Jornada de Ciências Sociais em homenagem a Leandro Konder, promovido pela organizadora deste volume e realizado na UNESP, Campus de Marília, em 1998. Os textos são necessariamente relacionados diretamente à vida deste marxista brasileiro, mas a temas vinculados de uma forma ou de outra à sua obra. Assim, mesmo que alguns dos ensaios possam ser considerados excertos de biografia intelectual, alguns deles (o de Octávio Ianni, por exemplo) não citam Konder em nenhum contexto realmente relevante. A coleção toma assim um ar de reunião e balanço da esquerda brasileira sobre temas que lhe são caros: discussão de expoentes do marxismo contemporâneo, diagnóstico da crise atual das esquerdas etc.