Os recursos financeiros para ajuda humanitária cresceram significativamente nos últimos anos – os fundos das Nações Unidas para esse fim, por exemplo, saltaram de US$ 2 bilhões em 2000 para US$ 11 bilhões em 2009. O valor, porém, é irrisório se comparado aos US$ 802,9 bilhões que os Estados Unidos despenderam entre 2003 e 2011 na Guerra do Iraque, provocando a morte de algumas centenas de milhares de iraquianos e transformando em refugiados internos cerca de 5,5% da população do país (algo em torno de 1,6 milhão de pessoas).
Como os pesquisadores brasileiros avaliam esses dados e todo o cenário da Defesa e Segurança nos dias atuais? Que análise eles fazem da trajetória desse campo de estudos no país? Em oito artigos, esta obra traça um panorama abrangente acerca do tema.
Surgidas logo após a redemocratização, as primeiras iniciativas consistentes de pesquisa de assuntos estratégicos no Brasil definharam com a adesão do país ao neoliberalismo. A partir da abertura política, em meados da década de 1980, os estudiosos almejavam romper com o monopólio militar na área de defesa e segurança. Já nos anos seguintes, o tema minguou na academia e eles aderiram quase que exclusivamente, e de forma acrítica, à bibliografia anglo-saxônica.
Tal situação, afirma um dos autores desta coletânea, representou concretamente uma ameaça à soberania intelectual e política do país. Uma das consequências da escassez de bibliografia foi a emergência da noção de “segurança multidimensional”, que equipara risco ou desafio a “ameaça” e trata como questões de segurança fenômenos que são na verdade sociais, políticos, econômicos, ambientais, energéticos.
Os artigos aqui reunidos tratam de vários outros conceitos e aspectos que floresceram em especial nas últimas duas a três décadas no mundo, como as “guerras preventivas”, a agenda de “segurança hemisférica” dos Estados Unidos, a fusão, nesse país e na Colômbia, das atividades militares e policiais sob o pretexto de combate às drogas, e a situação, em meio à crise europeia, dos países daEuropa Centro-Oriental, secularmente reféns de interesses estrangeiros.
Eduardo Meié professor de Sociologia do curso de Relações Internacionais da Unesp e membro do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança (Gedes), da Unesp, e da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed).
O reconhecimento do profundo abalo que vem sofrendo a fé no progresso, na ciência e na tecnologia para conduzir o mundo rumo a uma convivência menos violenta e mais solidária motiva o diálogo deste livro entre o cientista política e sociólogo francês Edgar Morin e o filósofo alemão Christoph Wulf. Resultado de um programa radiofônico levado ao ar na França, este livro apresenta a preocupação permanente de relacionar o individual com o universal. Os intelectuais revelam em suas falas, a necessidade de o homem contemporâneo elevar a sua autocrítica, a sua lucidez e a sua abertura intelectual e ideológica para conviver com o diferente.
Este trabalho estuda a evolução política da cidade de Santos. Mostra as condições e os mecanismos pelos quais essa cidade paulista se distingue das demais pelos seus anseios de autonomia e liberdade e por suas lutas em prol das transformações sociais. É destacado o papel das chamadas classes médias, aí mais comprometidas com os movimentos de esquerda, ao contrário da maioria dos centros urbanos do país.
Como o próprio nome anuncia, Ler Marx se propõe ser um novo referencial para a introdução à leitura dos textos do filósofo alemão. Assinada por três importantes pesquisadores, sendo dois franceses, Emmanuel Renault e Gérard Duménil, e um brasileiro, Michael Löwy, a obra realiza uma atualizada contextualização dos seus escritos, com explicações que não caem nas interpretações comuns e caricatas do pensamento marxista.
O autor concentra as suas atenções na cisão ocorrida nas fileiras do Partido Comunista do Brasil (PCB), nos anos de 1937-1938, tendo como pano de fundo o processo de consolidação do autoritarismo promovido pelo Estado Novo de Getúlio Vargas.