Muito mais destrutiva do que a Primeira, a Segunda Guerra Mundial teria deixado cicatrizes menos profundas? Sem possiblidade de deixar para trás aquele passado trágico, as gerações nascidas posteriormente à guerra, em especial na Alemanha, teriam se confinado em um estado de latência, frustradas com as promessas não cumpridas de uma refundação do mundo.
Neste livro, Hans Ulrich Gumbrecht refuta a tese de reclusão que as manifestações culturais, principalmente a literatura, das duas décadas seguintes à guerra refletiram e estimularam, repelindo ainda a disseminada crença de que a humanidade nada aprendeu com o Holocausto e de que o mundo apenas repaginou o drama humano enquanto continuou legitimando flagelos, violência, opressão, massacres. Gumbrecht transita em sentido contrário, lançando conjecturas de longo alcance que evidenciam a pujança criativa e a originalidade dos caminhos no pós-guerra.
Ao identificar o clima predominante da década imediatamente posterior àguerra como de "latência”, Gumbrecht retorna à origem de uma mudança no ritmo e na estrutura do tempo, surgida, segundo ele, da capacidade da tecnologia de preservar o passado e “ampliar” o futuro com todo seu potencial trágico. E mostra como o tempo moldou a trajetória de sua própria geração, na Alemanha pós-1945.
Gumbrecht combina um relato autobiográfico com um olhar panorâmico sobre a história de seu país e do mundo, oferecendo reflexões perspicazes sobre Samuel Beckett e Paul Celan, além de uma exegese detalhada do pensamento de Martin Heidegger e Jean Paul Sartre e análises surpreendentes sobre fenômenos culturais que vão de Edith Piaf até o Relatório Kinsey. Mergulhopessoal e filosófico do autor sobre o século passado, este livro oferece elementos originais para a análise da identidade global contemporânea.
Autor de 2 livros disponíveis em nosso catálogo.
Esta obra descreve em diferentes tópicos o processo pelo qual a “visão de mundo histórica” vem sendo confrontada e parcialmente substituída desde meados do século 20. Ao mesmo tempo, porém, tal visão de mundo pertence à lógica de “presente amplo”, o cronótopo emergente, que, contudo, convive com o anterior, o cronótopo de “futuro aberto”, produto do Iluminismo. Para o autor, compreender a realidade da nova constituição do tempo, em que o presente abarca o passado e, ainda, um futuro percebido como ameaçador, pode se refletir em melhores condições de vida, individual e coletivamente.
Os elos entre a filosofia e a história são o tema deste estudo. A base teórica é o pensamento do historiador Paul Veyne, que reflete sobre a sua prática de um ponto de vista que leva em conta questionamentos de cunho filosófico. A partir daí, são apontadas questões filosóficas que o historiador deve levar em conta em suas pesquisas. Ao longo do livro são definidos e encadeados elementos constitutivos da tarefa narrativa do historiador e da sua construção teórica. Temas que dizem respeito ao objeto da história e à causalidade histórica, assim como relações entre conceito, acontecimento e totalidade histórica, são enfocados, como também as diferentes concepções filosóficas da ligação entre o ato de narrar em si mesmo e o de construir filosoficamente essa narrativa.
A relação dinâmica entre os homens e as suas roupas, dissecada sob um enfoque sociológico e artístico, é o tema deste livro. Todo um jogo de valores, de identidades e de metáforas sociais, políticas e éticas é analisado com base no uso da roupa preta pelos homens ao longo dos séculos. Abordagens do uso do preto na Espanha, durante o reinado de Felipe II (1556-1598), na época de Shakespeare e na obra de Charles Dickens, as casas sombrias na Inglaterra, as vestimentas masculinas e femininas e o uso do preto no mundo contemporâneo. Utilizada inicialmente no Ocidente como símbolo de luto, a roupa preta vem ganhando, ao longo do tempo, uma proximidade cada vez maior com o poder.
Livro que assinala o papel desempenhado pela Igreja católica na formação do pensamento conservador do Brasil. Privilegiando as primeiras décadas do século XX, Romualdo Dias esclarece o papel da Igreja na implementação e legitimação de políticas autoritárias que se observam a partir desse período, apresentando, ainda, a análise do esforço empreendido pela hierarquia católica na formação de uma elite dirigente nacional.
Mais do que uma simples biografia cronológica do homem cujo mito causa ainda forte impressão à humanidade, esta síntese transparente propõe uma reflexão sobre a vida, a obra e a herança de Napoleão, partindo do princípio de que atualmente é possível discutir o tema sem as paixões de antigamente e com o recuo do historiador.