Este livro estuda as crises políticas como continuação das relações políticas rotineiras, mas com uma lógica própria. Concretamente, foca uma categoria específica de crise, aquela associada a mobilizações que afetam as várias esferas de uma mesma sociedade de forma simultânea.
O autor, Michel Dobry, inova na análise de tais crises políticas, ao tratá-las não como como imprevistos ou patologias, mas compreendendo-as como a norma das relações sociais. Ele reconhece que tais fenômenos possuem aspectos históricos, factuais ou acidentais, mas propõe que a reflexão sobre eles se concentre na idealização de um esquema teórico que ultrapasse as singularidades para revelar suas dinâmicas características.
“As ‘crises políticas’ e os fenômenos críticos contíguos que se observam nos sistemas sociais complexos se tornam inteligíveis em seus traços essenciais desde que as pensemos em termos de dessetorização tendencial do espaço social desses sistemas”, escreve, sugerindo que as análises destaquem os aspectos constituintes das crises, mas não percam de vista as racionalidades de situações específicas que constrangem as percepções, os cálculos e as táticas dos atores. Assim, ainda que reconheça a singularidade histórica decada crise, Dobry considera possível apreendê-la por meio de um esquemateórico que, em geral, ultrapassa amplamente essa singularidade.
A obra, porém, não pretende explicar os resultados nos quais as crises desembocam, o que pressupõe uma “ciência histórica teórica” que continua a ser, segundo o autor, uma miragem: “A este objetivo ilusório, substitui um interesse sistemático por aquilo de que as crises políticas são feitas e por aquilo que se passa nelas”. Tais conceitos, acredita, desestabilizam por completo a visão das Ciências Sociais acerca do “quebra-cabeça” ou do “enigma” a resolver quando elas tomam esses fenômenos por objeto.
Autor deste livro.
Jean-Paul Willaime recorre a abordagens como as de Weber e Durkheim e aos debates atuais sobre as questões religiosas para mostrar, nesta obra, que as religiões são fatos sociais cuja análise possibilita melhor compreensão das sociedades e de seus processos de evolução. O livro destaca não as religiões em sua complexidade e diversificação, mas sim sua sociologia. Em outras palavras, em vez dos principais universos religiosos existentes, apresenta o modo como se construiu, progressivamente, através de uma pluralidade de olhares, um campo de estudo particular: a sociologia das religiões.
O tema principal deste livro é a crescente popularização de técnicas de reprodução humana e suas conseqüências sociológicas, políticas, éticas e médicas. Tais técnicas são consideradas tanto em suas versões contraceptivas (pílula, DIU, aborto, esterilização feminina) quanto em suas variantes conceptivas (inseminação artificial, fertilização in vitro).
Maurício Tragtenberg nos legou uma vasta obra que trata de temas históricos, sociológicos, políticos, educacionais, entre outros. Seus textos expressam um compromisso militante e uma perspectiva política crítica à sociedade capitalista e às concepções autoritárias sobre o socialismo. Escritos em linguagem simples, são textos de denúncia que estabelecem o diálogo com os operários e os excluídos do sistema de ensino formal, em especial a universidade.
O termo interdisciplinar é cada vez mais usado entre os pesquisadores das mais diversas áreas de pesquisa. Poucas vezes, porém, o tema foi tratado com tamanha lucidez como neste livro. O historiador inglês realiza um rico diálogo entre a disciplina História e suas correlatas, que incluem a Sociolingüística, a Psicologia Social e a Comunicação, entre outras. Esse esforço estimula a estudar a cultura de um prisma abrangente e eclético, que permite o diálogo fecundo entre idéias distintas de diferentes ciências.
Livro que leva o título da conferência, seguida de debate, realizada no Instituto Nacional da Pesquisa Agronômica (INRA), pode ser classificado como uma sociologia da produção científica que se vale da teoria dos campos sociais, para discutir questões relevantes. O autor acredita que a luta pela "verdade" científica no interior do campo é um jogo de lucros e perdas e que os "campos científicos" são o espaço de confronto necessário entre duas formas de poder que correspondem a duas espécies de capital científico: o social (ligado à ocupação de posições importantes nas instituições científicas) e o específico (que repousa sobre o reconhecimento pelos pares, também o mais exposto à contestação). Sob sua ótica, essas contradições podem ser ultrapassadas com a sociologia da ciência.