O amor, a poesia e o Ocidente
A poesia erótica romana, uma das formas de arte literária mais sofisticada se menos compreendidas de todos os tempos, poderia agradar ao paladar contemporâneo? Ao contrapor a obra de autores como Catulo, Propércio e Ovídio à dos poetas modernos, Paul Veyne sugere neste livro que os leitores atuais são pouco suscetíveis ao artifício latino característico dos elegíacos por estarem presos à estética da “intensidade”, que permeia a literatura modernista desde o romantismo: “A relação do autor, sincera ou não, com o leitor depende da escolha de uma estética. Os elegíacos romanos nos entediariam porque são ‘insinceros’?”.
Para Veyne, porém, nem mesmo os comentadores da obra daqueles poetas antigos se deram conta, em geral, da ironia implícita em seus versos. Teriam preferido passar ao largo da “insinceridade” que os transpassa,ignorando aindaque falavam de amores pouco edificantes, pois se referiam a mulheres “irregulares”, prontas a prestar seus favores a quem desejassem, mulheres, enfim, com quem os homens não se casam. “Isso seria patifaria, se fosse verdade; mas, como tudo acontece no papel, começamos a entender o que era a elegia romana”, escreve Veyne. “Nossos romanos, mais hábeis que a média de seus compatriotas, têm o risinho de lado de Valéry ou Jean Paulhan”.
Assim, pontua o historiador, os elegíacos também eram intensos, ainda que, para ser claros, pecassempor prosaísmo. A intensidade, ele escreve, “está além dos‘estilos’, no sentido comum da palavra: existem classicismos intensos (essa foi a artimanha de Valéry)”.
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Ao decidir estudar, a partir da crença dos gregos em seus mitos, a pluralidade das modalidades de crença – a crença no que os outros dizem, a crença por experiência própria –, Paul Veyne concluiu que, em vez de falar de crenças, deveria falar de verdades, elas próprias imaginações. “Nós não fazemos uma ideia errada das coisas: a verdade das coisas é que, através dos séculos, foi constituída de maneira peculiar”, escreve.
História de Roma traz a ascensão e queda de um dos grandes impérios da humanidade pelas palavras do historiador francês Pierre Grimal. O autor aborda, neste livro, toda a trajetória desta cidade que posteriormente dominaria a Europa e partes da Ásia e da África.
Os textos que compõem Línguas e jargões estudam as línguas semiprivadas, dialetos ou jargões desenvolvidos por diferentes grupos sociais, analisando suas funções e mudanças através do tempo. Em seu conjunto, estes ensaios constituem contribuição definitiva à história da linguagem e à sociolingüística.
Historiadora das teorias e das formas urbanas e arquitetônicas na Universidade de Paris VIII, a autora reconstitui a concepção, ao longo do tempo, do que vem a ser patrimônio histórico. Isso inclui um mergulho no conceito de monumento histórico e nas diferenças entre conservação e restauração. Verifica também como a indústria cultural convive com o patrimônio e como ele se relaciona com o turismo.
"História da leitura descreve o ato da leitura, seus praticantes e os ambientes sociais em que estão inseridos, além das diversas manifestações da leitura em pedras, ossos, cascas de árvore, muros, monumentos, tabuletas, rolos de papiro, códices, livros, telas e papel eletrônico. ... Apesar de a leitura e a escrita estarem plenamente relacionadas, a leitura é, na verdade, a antítese da escrita. Cada uma ativa regiões distintas do cérebro. A escrita é uma habilidade, a leitura, uma aptidão natural. A escrita originou-se de uma elaboração, a leitura desenvolveu-se com a compreensão mais profunda pela humanidade dos recursos latentes da palavra escrita. A história da escrita foi marcada por uma série de influências e refinamentos, ao passo que a história da leitura envolveu estágios sucessivos de amadurecimento social.