Ao decidir estudar, a partir da crença dos gregos em seus mitos, a pluralidade das modalidades de crença – a crença no que os outros dizem, a crença por experiência própria –, Paul Veyne concluiu que, em vez de falar de crenças, deveria falar de verdades, elas próprias imaginações. “Nós não fazemos uma ideia errada das coisas: a verdade das coisas é que, através dos séculos, foi constituída de maneira peculiar”, escreve.
Longe de ser a mais simples experiência realista, a verdade, diz o autor, é a experiência mais histórica de todas. Ele explica que as verdades relacionam-se a contextos culturais, e podem ser questionadas em outras esferas de cultura, diferentes. O olhar contemporâneo sobre o passado ilustra essa visão, pois costuma classificar a quase totalidade das produções anteriores como delírio e considerar como verdade, e muito provisoriamente,somente o que constitui o “último estado da ciência”.
Veyne explica que seu interesse sobre verdades, justamente a partir da crença, não tem intenção de afirmar que a imaginação anuncia as futuras verdades e deveria estar no poder. E, sim, que as verdades já são imaginações “e a imaginação está no poder desde sempre; ela, e não a realidade, a razão ou o longo trabalho do negativo.”
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A relação entre o historiador e seu tempo é uma das questões cruciais do debate historiográfico, metodológico e teórico, problemática densa e propícia à reflexão crítica acadêmica, eleita como tema do XVIII Encontro Regional de História da ANPUH-SP, realizado em 2006 na UNESP-Assis. Antonio C. Ferreira rastreia a transformação da fábrica da história em indústria cultural e seus desdobramentos em termos de modos de produção, sujeitos, práticas, mercados, produtos e seus valores. Maria Stella M. Bresciani coloca Oliveira Vianna, Gilberto Freyre e Sérgio B. de Holanda em interação nas lutas e projetos políticos de sua época. Em homenagem aos 40 anos de edição do livro Da senzala à colônia, de Emília V. da Costa, a autora o situa em sua época de produção. A contribuição de Viotti à historiografia é analisada por Rafael Marquese e por Cristina Wissembach. Os artigos sobre Relações de poder, imprensa e historiografia assinala preocupações metodológicas indispensáveis no trabalho do historiador. Sobre Gênero e cultura são reproduzidas apresentações qeu visam localizar a emergência das temáticas femininas nas lutas afirmativas e no contexto sociocultural contemporâneo. Os saberes escolares trata de memórias e práticas dos professores de História da rede municpal de rede municipal de São Paulo, e da memória escolar à luz de vários pressupostos teóricos.
Por que os donos do poder político passam a compartilhar esse poder com os outros, milhões de outros, na história moderna, por meio da ampliação do direito de voto? Como isto aconteceu nos Estados Unidos? Por que, no país, esse direito expandiu-se em certas épocas e certos lugares, enquanto se restringiu em outros? Qual é o papel das guerras na ampliação do direito de votar? Estas são algumas das questões que Alexander Keyssar busca responder neste livro, uma crônica da história do direito ao voto nos Estados Unidos do fim do século 18 aos anos 2000.
Estudando as obras de Varnhagen e Oliveira Vianna, este livro reconstitui a trajetória de uma corrente historiográfica brasileira ainda extremamente influente, e que sintetiza, de modo exemplar, os ideais e objetivos das classes dirigentes do país, de ontem e de hoje. É obra essencial para estudantes e acadêmicos interessados nas interpretações de nossa história e de nossa historiografia.
Historiadora das teorias e das formas urbanas e arquitetônicas na Universidade de Paris VIII, a autora reconstitui a concepção, ao longo do tempo, do que vem a ser patrimônio histórico. Isso inclui um mergulho no conceito de monumento histórico e nas diferenças entre conservação e restauração. Verifica também como a indústria cultural convive com o patrimônio e como ele se relaciona com o turismo.