A sociologia da ciência pode investigar e explicar o conteúdo e a natureza do conhecimento científico? Muitos sociólogos acreditam que não. Eles dizem que o conhecimento enquanto tal, distinto das circunstâncias ao redor de sua produção, está além de seu alcance. Voluntariamente, eles limitam o alcance de suas próprias investigações. Argumentarei que isso constitui uma traição ao ponto de vista de sua disciplina. Todo conhecimento, ainda que se encontre nas ciências empíricas ou mesmo na matemática, deve ser tratado, exaustivamente, como material para a investigação. As limitações que ocorrem aos sociólogos consistem em entregar algum material a ciências afins, como a psicologia, ou em depender das pesquisas realizadas por especialistas em outras disciplinas. Não existem limitações que repousem sobre o caráter absoluto ou transcendente do próprio conhecimento, ou sobre a natureza especial da racionalidade, da validade, da verdade ou da objetividade.
Autor deste livro.
Este livro procura desenvolver aspectos do conhecimento sobre sexo, desde a Antigüidade até nossos dias. Levando em consideração as contribuições da zoologia, anatomia, embriologia e psiquiatria, discute a formação do conjunto de disciplinas que, por volta do século XIX, veio a ser chamado de 'sexologia'.
O termo interdisciplinar é cada vez mais usado entre os pesquisadores das mais diversas áreas de pesquisa. Poucas vezes, porém, o tema foi tratado com tamanha lucidez como neste livro. O historiador inglês realiza um rico diálogo entre a disciplina História e suas correlatas, que incluem a Sociolingüística, a Psicologia Social e a Comunicação, entre outras. Esse esforço estimula a estudar a cultura de um prisma abrangente e eclético, que permite o diálogo fecundo entre idéias distintas de diferentes ciências.
As mais diversas discussões ideológicas, em última análise, polarizam-se em torno de dois grupos: aqueles que acreditam em algum argumento com fervorosa convicção e os céticos, que apresentam poderosa resistência a paradigmas já estabelecidos. Este livro estuda as forças cognitivas, retóricas, psicológicas, sociais e institucionais associadas a essas duas posições nos mais diversos debates intelectuais contemporâneos. Acima de tudo, a obra estimula a capacidade do diálogo e acelera contra toda forma de sectarismo.
Este livro trata dos movimentos sociais urbanos que se colocam contra uma determinada situação e procuram mudar esse status quo usando ou não a força física ou a coerção. Na tradição brasileira, raramente os movimentos urbanos usaram a força física, enquanto a coerção política, relacionada com a capacidade de pressão de cada movimento específico, se faz bastante presente no sentido de coagir o poder público a cumprir as reivindicações de um movimento. A publicação aponta que, a partir do fim da década de 1970 e na de 1980, movimentos urbanos ligados às Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica, a sindicatos, com as greves do ABC paulista, à moradia, com as ocupações de terra urbana, ao feminismo, à ecologia e contra a discriminação étnica ou sexual começaram a se destacar e a ocupar muito espaço nos meios de comunicação.
Um dos grandes pensadores europeus de sua época se apresenta, neste livro, em uma atividade que poucos dos seus pares aceitariam. Em fase avançada da carreira, amplamente reconhecido, Adorno não hesita em ministrar curso introdutório à Sociologia para um público numeroso e sem preparo prévio. Logo em seguida, a expressão "fase avançada" serviria também para caracterizar sua vida, embora ninguém pudesse prevê-lo naquele momento de 1968, quando tinha 65 anos de idade. Morreria no ano seguinte, de enfarte, acossado por todos os lados - não só pela direita conservadora, como era de hábito - e após amargos embates com os militantes dos movimentos estudantis, que resultaram no cancelamento do curso de Sociologia preparado para 1969. Em uma das últimas aulas do curso de 1968 ele presta emocionada homenagem a colega recém-falecido, na qual enfatiza a tristeza, o desalento e as dúvidas do amigo sobre o acerto do retorno à Alemanha após a emigração, para comentar que ele próprio havia compartilhado esses sentimentos. Impossível não enxergar nessas palavras algo de premonitório.