Em um momento histórico no qual o analfabetismo apresenta-se como intolerável, a questão metodológica da alfabetização aparece como central. Tendo em vista tal realidade, José Morais analisa vários aspectos da chamada arte de ler. Partindo das estruturas mentais envolvidas na leitura, da relação entre linguagem falada e linguagem escrita, Morais centra-se nos mecanismos de aprendizagem e nos distúrbios que podem ocorrer nesse processo. Mediante essa estratégia, ele pode desenvolver o estudo dos diferentes métodos, a fim de apresentar as possibilidades terapêuticas que se oferecem hoje aos que não dominam as práticas de leitura.
Autor deste livro.
Clássica e sarcástica, esta obra, escrita no século 19 pelo espanhol Pedro Felipe Monlau sob o pseudônimo D. Dimas Camándula, pode atravessar os próximos séculos sem perder uma linha de sua desconcertante atualidade. Afinal, trata de um tema que jamais saiu da berlinda em toda a história e parece revigorar-se a cada dia: a propensão humana ao roubo, que, para o autor, é inata e comum a todos os mortais. Ele provoca: “Que homem não haverá infringido sequer uma vez em sua vida o sétimo mandamento?”.
Após 50 anos de sua primeira edição, este livro, de autoria de um dos mais renomados tradutores brasileiros de todos os tempos, influenciou gerações de profissionais. Ao conscientizá-los de que devem ir além das letras, seguindo uma conduta ética, com alerta para as qualidades essenciais do tradutor: humildade intelectual, paciência, fidelidade ao pensamento e emoção do original e cultura geral, não só literária, como também psicológica e histórica, além do pendor artístico, conclui que traduzir é uma verdadeira arte.
Os ensaios que compõem este livro foram escritos ao longo dos últimos quinze anos. Apesar de terem tido distintas motivações e sido produzidos em diferentes tempos, eles possuem alguns elementos comuns fortes, temáticos e metodológicos, os quais lhes dão também unidade e organicidade. O nome do livro, O Cão do Sertão, tirado do título do primeiro ensaio sobre Guimarães Rosa, "O cão do sertão no arraial do Ão", serve de fato para identificar o seu conjunto, pois ele se refere ao poder desmesurado do homem na sociedade patriarcal brasileira, ou seja, à forma descompensada de vivência do amor pelos homens e pelas mulheres, motivo que atravessa a maior parte dos estudos.
"Este estudo analisa a alegoria como procedimento de construção fundamental em A jangada de pedra (1986), de José Saramago, em que ela desponta como 'figura' ideal para performatizar o insólito posicionamento do país, segundo a ótica do narrador do romance. Empreendendo uma leitura alegórica da alegoria, isto é, desfazendo seu funcionamento tópico, construímos uma análise da obra na qual esta se oferece como verdadeira alegoria da modernidade para focar a identidade cultural portuguesa. A dessacralização de mitos ligados a uma tradição histórica e o poder desestabilizador da linguagem narrativa se interpenetram no funcionamento alegórico fazendo de A jangada de pedra uma obra singular."
A crítica literária e a lingüística têm nos textos literários um grande desafio. Diversas correntes deixam de lado o texto propriamente dito e colocam em primeiro plano outras ciências, como a sociologia, a história e a psicologia. Lingüista da Universidade de Reims, França, o autor valoriza o papel do leitor como receptor. Entende, portanto, o ato da leitura como um momento em que o prazer estético, obtido pelas relações entre forma e conteúdo, transporta o fruidor a uma outra realidade, criada pelo poder da palavra.