LITERATURA E ENGAJAMENTO: ENSAIOS SOBRE GUIMARÃES ROSA, MACHADO DE ASSIS E CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Os ensaios que compõem este livro foram escritos ao longo dos últimos quinze anos. Apesar de terem tido distintas motivações e sido produzidos em diferentes tempos, eles possuem alguns elementos comuns fortes, temáticos e metodológicos, os quais lhes dão também unidade e organicidade. O nome do livro, O Cão do Sertão, tirado do título do primeiro ensaio sobre Guimarães Rosa, "O cão do sertão no arraial do Ão", serve de fato para identificar o seu conjunto, pois ele se refere ao poder desmesurado do homem na sociedade patriarcal brasileira, ou seja, à forma descompensada de vivência do amor pelos homens e pelas mulheres, motivo que atravessa a maior parte dos estudos.
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Livro que procura discutir parte da obra de GUIMARÃES ROSA como sendo a de um intérprete do Brasil, de forma peculiar (como afirma o autor) que, nos seus três primeiros livros, apreciou os costumes da vida pública junto aos da vida privada, os familiares e amorosos, próprios do romance. Demonstra como as três obras iniciais de Rosa, .Sagarana, Corpo de baile e Grande sertão: veredas, se relacionam e se imbricam, podendo as duas primeiras ser consideradas como estudos preparatórios para Grande sertão. Nessa perspectiva, o autor investiga a genealogia e a formação do herói jagunço; a gestação dos paradigmas amorosos de Grande sertão, já incubados em Sagarana e desenvolvidos num dos romances de Corpo de baile; e a teatralização do drama civilizatório no Brasil.
Em um momento histórico no qual o analfabetismo apresenta-se como intolerável, a questão metodológica da alfabetização aparece como central. Tendo em vista tal realidade, José Morais analisa vários aspectos da chamada arte de ler. Partindo das estruturas mentais envolvidas na leitura, da relação entre linguagem falada e linguagem escrita, Morais centra-se nos mecanismos de aprendizagem e nos distúrbios que podem ocorrer nesse processo. Mediante essa estratégia, ele pode desenvolver o estudo dos diferentes métodos, a fim de apresentar as possibilidades terapêuticas que se oferecem hoje aos que não dominam as práticas de leitura.
Wilma Maas procura recuperar o conceito de Bildungsroman (romance de formação) ao longo de sua existência histórica, mostrando como se transformou em parâmetro crítico da literatura alemã, tomando por base Wilhelm Meister, de Goethe. Essa transformação permitiu que o conceito fosse a expressão mesma de uma literatura nacional e intérprete privilegiado dos ideais de equilíbrio da classe social burguesa.
O livro A Voz e o Sentido é uma contribuição aos estudos de poesia oral com base em uma pesquisa de campo com vários narradores, realizada no pantanal sul-mato-grossense. Seu principal objetivo é ouvir os moradores ribeirinhos para compreender as maneiras de produção, manifestação, armazenamento e (re)significação do texto poético oral. A leitura dos relatos resulta numa tentativa de desatar a poesia oral dos grilhões da escrita e, para tanto, de compreendê-la em seu sentido dinâmico.
Este livro pretende demonstrar que o Novo Testamento bíblico é o contexto da constituição da parábola como gênero literário. Mesmo que essa modalidade seja mencionada em outros universos, temos como proposta mostrar que é somente no Novo Testamento que ela assume feições mais definidas. Tal tarefa justifica-se, em primeiro lugar, pelo fato de haver, no Brasil, um número muito limitado de obras disponíveis que tratem da parábola e dos aspectos teóricos a ela relacionados. Em segundo lugar, a situação se agrava quando se parte para uma pesquisa especificamente em língua portuguesa. Como será demonstrado com maiores detalhes nos capítulos subsequentes, o que se encontra em uma parte restrita de livros de teoria literária publicados em nosso país são apenas pequenos verbetes sobre o assunto. Além desses dados ligados basicamente à limitação de bibliografia, tem-se que o tratamento que essas poucas obras existentes oferecem ao gênero parabólico está muito distante de ser exaustivo.