Livro nascido de dificuldades enfrentadas durante pesquisa de campo, ao serem coletadas informações referentes ao universo botânico Kayová (1974-1984), objeto de interesse acadêmico na época. Para suprir lacunas foi iniciada a gravação de dados que logo extrapolaram o objetivo principal daquela pesquisa, ou seja, o estudo da etnobotânica Kayová. Surgiu, então, a idéia de utilização do material gravado, de forma que este fosse acessível aos Kayová. Assim, houve um segundo passo, que envolveu dezenas de horas de gravações de assuntos relativos a cantos rituais e profanos, mitos de origem, religião, parentesco, plantas, animais, cores, aspectos da vida cotidiana entre outros. Todo esse material gravado foi transcrito e traduzido para o português corrente entre os índios Kayová de Amambai.
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Desde que desembarcou no Brasil, em 1930, quando ainda era um jovem professor de 27 anos, convidado da recém-fundada Universidade de São Paulo, Claude Lévi-Strauss manteve um relacionamento de admiração e inspiração intelectual com o país. Foi nesta passagem que inaugurou seus estudos sobre os povos ameríndios e colaborou com a Sociedade de Etnografia e Folclore de Mário de Andrade. Voltaria, então, só em 1985, quando reforçaria algumas das suas impressões iniciais. O próprio filósofo admite como este período foi importante na sua trajetória como pensador, e neste pequeno livro, Longe do Brasil, encontra-se na íntegra a entrevista concedida por ele em 1995, em que fala desta experiência.
O objetivo desta pesquisa foi refletir sobre o movimento dos habitantes do rio Uaupés (afluente do rio Negro) em direção ao mundo dos brancos, buscando delinear o seu sentido segundo os princípios da sociocosmologia nativa. Ela dedica-se a pensar as transformações que ocorrem no modo de vida dos índios uma vez que eles deixam suas comunidades de origem, situadas ao longo de toda a faixa ribeirinha, e passam a residir na cidade de São Gabriel da Cachoeira. Ao se mudar para a cidade, a população indígena realiza um movimento de descida dos rios Uaupés e Negro para se fixar no curso médio desse último. Parte do pressuposto de que uma reflexão sobre o movimento dos habitantes do Uaupés em direção à cidade precisa considerar, de um lado, suas implicações para as relações sociais e o modo como ele se vê implicado por elas; de outro, as concepções cosmológicas que informam a imagem dos índios sobre si mesmos e sobre os brancos.
Este livro é uma investigação antropológica sobre a relação dos Xikrin com os bens industrializados e mercadorias, que procura assumir um ponto de vista no qual a perspectiva dos índios ocupa a posição de figura e não de fundo. Ele tem a pretensão de mostrar que o desejo dos Xikrin pelos objetos que lhes são estrangeiros não é espúrio, inautêntico e exótico; ao contrário, é a expressão de um propósito e de uma história absolutamente (e, portanto, relativamente) indígenas. Seu objetivo é fazer uma descrição etnográfica dos "estranhos pedidos", ou seja, daquilo que vim a designar pela expressão 'consumismo xikrin' (sua grande demanda por dinheiro e bens), partindo do pressuposto de que tais pedidos não devem ser estranhos da perspectiva xikrin. O que é esse ponto de vista, que efeitos realiza na relação dos Xikrin entre si e com o nosso mundo - são as questões que propõe responder.
Este livro sobre Gilberto Freyre vê a vida e o trabalho do sociólogo como um todo, em vez de se concentrar em Casa grande e senzala. Traz, ainda, uma abordagem crítica com o reconhecimento de suas muitas qualidades e o coloca numa ampla variedade de questões culturais e políticas, sem se limitar à análise de textos. A obra destaca que Freyre via o Brasil de um ponto de vista tanto externo quanto interno. Avalia sua importância como proeminente pensador social, historiador e o mais famoso intelectual do Brasil, ou até da América Latina, no século XX. Em sua longa vida (1900-1987), assumiu vários outros papéis
Este livro busca restituir as ligações que o cauim apresenta com diferentes aspectos da vida social Yudjá, oferecendo ao mesmo tempo uma análise de um sistema sociocosmológico e um mapa da condição humana. A autora realizou cerca de vinte meses de trabalho de campo etnográfico em aldeias Yudjá (na Terra Indígena Parque Indígena do Xingu, MT) e mais seis meses com famílias Yudjá que se achavam em Brasília, Rio de Janeiro ou Canarana. A substância do material apresentado neste livro foi reunida nos anos de 1984-1985, 1988-1989 e 1990. O livro é uma versão abreviada, remanejada e parcialmente reescrita da tese de doutorado da autora.