Este livro traz uma coletânea de dezessete ensaios da autora Maria Heloísa Martins Dias, sendo que catorze deles já foram veiculados em periódicos do Brasil e de Portugal, e três são inéditos. Juntos eles compõem uma ampla visão dos estudos literários atuais. Os textos, que analisam separadamente autores da Literatura luso-brasileira, têm como tema geral o diálogo das obras consigo mesmas, numa tentativa de desvendar a “aventura da linguagem”.
Assim, estão contemplados aqui escritores como João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa, Clarice Linspector, Graciliano Ramos, Fernando Pessoa, António Nobre, Almada Negreiros, Teolinda Gersão, Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Todos são vistos sobre o viés da autorreflexividade, com a autora buscando fugir dos já clássicos estudos literários que procuram entender como determinado autor foi lido à sua época, ou as circunstâncias culturais na qual este autor estava inserido no momento de sua produção. Para escapar dessas e de outras análises, Maria Heloísa Martins Dias busca o caminho puro e simples da contemplação da obra para tirar dela os seus significados.
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Lançado originalmente em 1976, este livro de Terry Eagleton veio em um momento em que as principais ideias do marxismo estavam em ebulição nos círculos intelectuais e presentes nas discussões acadêmicas. A partir do gancho oferecido pelas circunstâncias de então, o autor procurou uma abordagem diferenciada do pensamento marxista, buscando sua relação com a produção artística e o modo como a ideologia influencia a literatura
As palestras e ensaios reproduzidos nesta coletânea representam quase duas décadas de reflexões de Raymond Williams sobre a produção literária.
Poucos são os estudos mais aprofundados sobre a produção de Lima Barreto, um dos expoentes da literatura brasileira do início do século XX e autor de obras clássicas como Triste fim de Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos. Mas esta pesquisa do inglês Robert John Oakley, que é professor de português e espanhol da Universidade de Birmingham, se diferencia ainda mais por ir além da análise das muitas obras do autor, entre narrativas longas, contos, sátiras e crônicas. R. J. Oakley, ao destrinchar a trajetória literária de Lima Barreto, baseia-se nos resultados da pesquisa sobre as pouco investigadas leituras do autor, e revela que textos como O que é a arte?, de Tolstoi, Os heróis, de Thomas Carlyle, e autores como Herbert Spencer e Henry Maudsley, serviram muito para desenvolver sua concepção da prática da escrita e do papel da literatura. Neste livro, o leitor poderá ter acesso a uma visão mais ampla do pensamento barretiano, partindo justamente das obras que serviram de referência na formação do seu caráter crítico. Assim, em um trabalho meticuloso, R. J. Oakley mostra como a influência de textos variados é capaz de moldar um escritor.
Escrever cartas revela o desejo de registrar acontecimentos, racional e afetivamente, para não esquecê-los, para estabelecer uma memória de si e dos outros. Nesse sentido, Simón Bolívar lidou com sua correspondência de forma dedicada e delicada porque esteve entre seus objetivos oferecer à posteridade um personagem: o homem público irretocável, desprovido de vida privada. Neste livro, Fabiana de Souza Fredrigo empreende a releitura desse epistolário e propõe múltiplos sentidos narrativos constitutivos do que denomina "memória da indispensabilidade". No interior dessa memória, Fredrigo constata a presença do ressentimento e da solidão de Bolívar, transformados em elementos retóricos que, por sua vez, permitiram à autora demonstrar os limites em compreender a conformação de uma nova cena histórica e o apego ao ideal da liberdade desse ator histórico que venezuelanos e colombianos alcunham el Libertador.
Considerado o melhor escritor realista português do século XIX, José Maria de Eça de Queiroz (Póvoa de Varzim, 1845 - Paris, 1900), é autor de obras clássicas como Os Maias e O crime do Padre Amaro. Esta biografia utiliza vasta correspondência do artista, parte dela incorporada à Biblioteca Nacional de Lisboa. É possível assim conhecer o homem de humor irreverente e estilo simples e fluente. Eça de Queiroz é apresentado como um idealista sinceramente envolvido com a inserção de Portugal no mundo moderno. Nesse sentido, sua obra jornalística e novelesca pode ser lida como uma crítica ao atraso cultural e uma tentativa de colocar a alma lusa em sintonia com um novo mundo científico do qual Portugal não podia ficar distante.