Ao apresentar o Machado de Assis crítico literário, este livro também revolve os primórdios dessa atividade no país, que floresceu juntamente com a própria literatura brasileira, num momento – meados do século 18 – em que esta despontava, no meio intelectual, como um dos elementos com força para ajudar a legitimar a nação recém emancipada. Além de um conjunto significativo de textos do escritor veiculados em periódicos da época, parte jamais publicada em livro, a obra traça toda sua trajetória como crítico, retratando seu amadurecimento como um dos precursores dessa função no país.
Machado de Assis começou a escrever críticas nos anos 1850 e só voltou ao posto de cronista na imprensa (na “Gazeta de Notícias”) em 1892, de acordo com esta pesquisa. Jovem, mas já consagrado como escritor, ele sabia, desde o início, que estava plenamente credenciado para a tarefa. Tanto que, diferentemente de seus contemporâneos, priorizava a produção literária do presente – chegou a publicar crítica negativa sobre um romance de um escritor então louvado, José de Alencar, que ele próprio já chamara de mestre.
A crítica de Machado de Assis, mostra ainda a obra, carrega as mesmas características de estilo de seu texto literário, inclusive sua notória ironia. Essa marca está tão presente que Raimundo Magalhães Júnior criou a expressão “crítica às avessas”, para se referir àqueles textos em que o escritor louva exageradamente o que na verdade considerava ruim ou péssimo.
Apesar de sua independência e imparcialidade, Machado de Assis procurava preservar-se em determinadas circunstâncias: “São rápidas impressões vertidas para o papel, sem ordem, nem pretensão crítica”, escreveu em comentário sobre a poesia de Antônio Castilho, lembrando que, se apontou defeitos foi porque, sendo este “mestre na literatura portuguesa”, “pode induzir em erro os que forem buscar lições nas suas obras”.
Sílvia Maria Azevedo é mestre e doutora em Letras pela USP, respectivamente nas áreas de Literatura Portuguesa e Teoria Literária e Literatura Comparada. É professora livre-docente em Teoria Literária na Unesp.
Lançado originalmente em 1976, este livro de Terry Eagleton veio em um momento em que as principais ideias do marxismo estavam em ebulição nos círculos intelectuais e presentes nas discussões acadêmicas. A partir do gancho oferecido pelas circunstâncias de então, o autor procurou uma abordagem diferenciada do pensamento marxista, buscando sua relação com a produção artística e o modo como a ideologia influencia a literatura
Os ensaios que compõem esta obra resgatam a memória de um dos mais importantes encontros literários da história do Brasil – o 2º Congresso Brasileiro de Crítica e História Literária, realizado em 1961 na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis – e propõem uma reflexão sobre a produção literária brasileira contemporânea e sobre a riqueza crítica e historiográfica que floresceu desde aquela época.
Um dos inventores mais geniais de todos os tempos, Nikola Tesla (1856-1943), conta aqui a própria história. Engenheiro elétrico e mecânico, além de físico, ele pouco se detém, no entanto, nesta obra autobiográfica, nos detalhes técnicos e conceituais de suas criações. Ao longo destas páginas emerge um ser humano peculiar, dono de um cérebro altamente imaginativo, e seu surpreendente processo de criação. Tesla concebeu o sistema de corrente alternada, que possibilitou a transmissão de energia elétrica, e lançou as bases do desenvolvimento da tecnologia moderna - as comunicações sem fio, a robótica, o controle remoto, o radar, a ciência computacional, a balística.
No volume Trajetória poética e ensaios o leitor encontrará dois textos. O primeiro (“50 Anos da poesia e/ou as ilusões perdidas”) mostra o percurso poético de Sant’Anna pelos movimentos marcantes da poesia brasileira do período. Atuando em várias frentes ele faz a crítica aos movimentos utópicos dos anos 1950 e 1960, divididos entre as vanguardas e a poesia social. O segundo ensaio, “Travessia crítica”, é uma radiografia do que foi sua experiência dentro e fora da universidade, onde deixou marcas notáveis. Destacam-se nesse caso assuntos como o significado da estilística, do estruturalismo, da psicanálise, da teoria da carnavalizacão até seus ensaios inovadores sobre o Barroco e arte contemporânea.