O principal objetivo de Jacques Rancière aqui é fazer uma crítica às escolas historiográficas mais proeminentes e analisar como cada corrente constrói seu discurso a partir do termo histoire, empregado para História e história – daí o título “os nomes da história”. Ele também busca identificar como cada grupo posiciona História em relação a história para tentar demonstrar de que modo cada abordagem conspira para o uso da segunda concepção e a supressão tanto do “excesso de palavras” desencadeado pela Revolução Francesa quanto do anacronismo do evento da Revolução.
Relatos de pessoas anônimas são centrais no livro, pois, com a “morte do rei” e os eventos da revolução, entrou em cena um personagem novo, segundo o autor: a massa, cuja voz passa a ecoar da democracia ou, às vezes, do anonimato. Ele, por isso, confere à Revolução Francesa o papel de “pausa epistemológica”, que chamaria de nova estrutura poética do conhecimento. A base dessa estrutura, diz, é a falta de relação entre as palavras e as coisas ou o excesso de significado, para além do significado.
São esses precisamente os sentidos de histoire que Rancière evoca no título do livro. Por agregar duas “coisas” diferentes, a palavra história serve de exemplo do “excesso de palavras”. E é esse excesso que possibilita à História existir como disciplina, que tenta escapar à esfera da literatura, da crônica e, ainda, não ser confundida com as histórias contadas. “Não era simplesmente o fato de poder conciliar os rigores de uma com os encantosda outra. Era, bem mais profundamente, o fato de que apenas a língua das histórias era capaz de marcara cientificidade própria da ciência histórica: uma questão não de retórica [...] mas de poética, constituindo em língua de verdade a língua tão verdadeira quanto falsa das histórias”.
Autor deste livro.
Philippe Ariès (1914-1984) produziu os oito ensaios que compõem esta obra entre 1946 e 1951, sob o impacto da Segunda Guerra Mundial. No livro, ele reflete sobre a História a partir de experiências pessoais, autobiográficas, e analisa as diversas concepções da História então existentes – conservadoras, marxistas, científicas e existenciais.
Por que os historiadores contemporâneos têm investido tanto na representação do passado? Stephen Bann procura responder a essa questão examinando as modalidades de representação à disposição da historiografia do século XX, pois é a partir daí que um conjunto considerável de manifestações literárias e visuais é tomado como fonte de dados históricos. Isso permite ao autor chamar a atenção para a extraordinária fluidez das fronteiras da história e para as possibilidades não realizadas de articulação com outras disciplinas.
Peter Burke é um dos principais nomes da nova história britânica e especialista em história moderna européia. Neste volume, ele retorna às questões de método para apresentar as tendências recentes da prática historiográfica. Reunindo textos de alguns dos mais importantes historiadores contemporâneos, Burke oferece um painel geral das perspectivas e desafios do saber histórico do século XX.
Uma historiadora brasileira, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e pesquisadora-associada do Centre of Latin American Studies da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, entrevista nove dos principais representantes da chamada Nova História - os ingleses Jack Goody, Asa Briggs, Keith Thomas, Peter Burke e Quentin Skinner, os norte-americanos Natalie Zemon Davis e Robert Darnton, o francês Daniel Roche e o italiano Carlo Ginzburg. Ao tratar da formação, da área de interesse, das influências e predileções intelectuais e dos métodos de abordagem desses gigantes da historiografia, as entrevistas evidenciam as convergências e divergências entre eles e traçam um painel bastante abrangente das preocupações e dos rumos dos estudos historiográficos contemporâneos.