Este livro analisa as formas de representação da cidade de Luanda - capital de Angola - e sua predominância na literatura desse país. Desde o período anterior à chegada dos europeus até os últimos cinqüenta anos são recuperadas todas as formas de produção literária em Angola, com destaque para aquelas que enfocam espaços e tipos de personagem que percorrem "a cidade da escrita", Luanda, e em que podem ser vistas diversas faces do início da tomada de consciência da colônia que luta por tornar-se sujeito de sua própria história. Por último, há um exame sobre alguns romances em língua portuguesa que tomaram a cidade de Luanda como cenário privilegiado de ação.
Autor deste livro.
A autora estuda a obra do escritor francês Stendhal (1783-1842), convidando o leitor a uma viagem pela Itália, guiada pelos romances Crônicas italianas e A cartuxa de Parma, que vêem aquele país como um universo de tristezas e felicidades extremas. Stendhal chamava-se na verdade Marie-Henri Beyle. Sua admiração sem limites pelo autor de história da arte da Antigüidade, Winckelmann, fez que mudasse seu nome para elogiar a cidade natal do erudito alemão. A paixão de Stendhal pela Itália, que Leila de Aguiar apresenta com igual dose de amor e rigor neste livro, descende, portanto, da mesma linha que alimentou Goethe, outro viajante pela Itália e admirador de sua natureza. Para Stendhal o "eu puro, livre, autêntico" e, sobretudo, "sensível", que ele desenhou na alma de seus personagens italia-nos, serviu antes de mais nada para - na trilha de Rousseau - criar um contraponto aos tons cinza do indivíduo da "civilização do Norte". Neste livro acompanhamos nas paisagens anímicas e naturais das Crônicas italianas e de A cartuxa de Parma a encenação desse indivíduo que se afirma a partir de suas paixões. Stendhal transformou esse drama do indivíduo moderno na pura essência da literatura. (Marcio Seligmann-Silva)
O livro analisa e interpreta algumas cartas de Guy de Maupassant (1850-1893) no conjunto de sua correspondência, constituída de aproximadamente oitocentas unidades escritas entre 1862 e 1891. Desse modo, procura-se focalizar as missivas escolhidas com base em sua estrutura narrativa, sua enunciação, sua função, sua finalidade, elementos esses que transformam a correspondência em uma miríade de textos ecléticos, sendo abordadas também algumas questões teóricas da arte epistolar, contribuindo dessa forma para a elaboração de um discurso crítico no campo da epistolografia, campo em expansão, mas ainda carente de estudos teóricos no Brasil.
A teorização da prática de tradução tem se defrontado historicamente com uma dicotomia. Ela passa pela distinção entre um procedimento de tradução que adota um dispositivo do tipo "palavra por palavra", no qual a fidelidade e a literalidade são os elementos-chave, e outro que admite um dispositivo do tipo "sentido por sentido", no qual criatividade e liberdade coordenam o processo. Essa dicotomia aparece hoje nas discussões entre os adeptos da equivalência formal e os defensores da equivalência dinâmica. Cristina Rodrigues utiliza o ideário da desconstrução para demonstrar como essas duas perspectivas são mais próximas do que aparentam. A compreensão das estratégias de transformação do texto aparece como o caminho para reconsiderar os problemas da tradução.
"Este estudo analisa a alegoria como procedimento de construção fundamental em A jangada de pedra (1986), de José Saramago, em que ela desponta como 'figura' ideal para performatizar o insólito posicionamento do país, segundo a ótica do narrador do romance. Empreendendo uma leitura alegórica da alegoria, isto é, desfazendo seu funcionamento tópico, construímos uma análise da obra na qual esta se oferece como verdadeira alegoria da modernidade para focar a identidade cultural portuguesa. A dessacralização de mitos ligados a uma tradição histórica e o poder desestabilizador da linguagem narrativa se interpenetram no funcionamento alegórico fazendo de A jangada de pedra uma obra singular."
Este livro reúne ensaios que buscam mapear a presença dos estudos literários referentes a Angola no quadro das universidades brasileiras. Trata-se de uma antologia que abriga ensaios sobre autores, obras e problemas desse repertório, um espectro que revela as tendências de nossas pesquisas e indica os centros em que a produção angolana desperta interesse.