"Que ninguém se engane quanto ao assunto desse ensaio, anunciado por um título que, aparentemente, remete a um tema talvez um pouco obsoleto - quem, hoje em dia, ainda se interessa pelas pobres almas do purgatório? -, é um temível desafio este que aceitamos enfrentar aqui. Trata-se nada menos do que explorar por um viés específico a relação que os vivos mantiveram com seus mortos durante séculos, e em uma área bastante abrangente, a do Ocidente cristão."
Autor de 3 livros disponíveis em nosso catálogo.
A Revolução Francesa "foi, e continua sendo, a base para uma enorme esperança, a esperança de mudar o mundo, eliminando as injustiças, em nome das luzes da razão e não de um fanatismo cego. Como ela se inscreveu na história num momento determinado da evolução das forças econômicas, sociais e culturais, sabemos que seu êxito teve origem na união das aspirações da burguesia e das classes populares. E, por causa disso, percebe-se bem tudo que fica faltando: a conquista da igualdade pela mulher, a ratificação do fim da escravidão, mas, sobretudo, a eliminação das desigualdades sociais, no momento mesmo em que, ao desferir o golpe derradeiro no feudalismo, ela estabelece as bases sobre as quais irá progredir a sociedade liberal, do século XIX até os dias de hoje."
Indispensável, esta obra retrata os dez anos da Revolução Francesa à luz das mais recentes descobertas e interpretações da pesquisa historiográfica. O autor, considerado a maior autoridade mundial na história do acontecimento que marcou a passagem para a era atual, coloca em perspectiva as versões tradicionais dos fatos da época e levanta novos questionamentos para as gerações atuais.
O livro estuda como foram representados os protagonistas revolucionários, seus líderes e classes populares, como foi elaborada a imagem do poder político, uma visualidade do social, e como se constituiu uma imagem da Revolução Mexicana. Além disso, explica a dinâmica entre a formação do Estado e a política de elaboração da representação visual, bem como a aproximação entre cultura e poder, por meio de rituais, ações simbólicas, representação e construção do imaginário social. O objeto de estudo é o álbum História Gráfica de la Revolución Mexicana, organizado por Gustavo Cassola e lançado em fascículos na década de 1940, e reeditado em 1960 e em 1973.
Historiografia, crítica textual e estudos bibliográficos articulam-se nos 12 ensaios que compõem esta obra para produzir uma arqueologia do processo editorial e mostrar que“a mão do autor” e “a mente do editor” sempre estiveram unidas. Roger Chartier analisa o processo de continuidade e descontinuidade da palavra escrita, de Gutenberg à invenção do conceito moderno de literatura, oferecendo significativa contribuição para a atual reflexão sobre a história do livro. O autor vem ao Brasil para o lançamento da obra, que acontecena próxima terça, dia 28 de outubro, com debate e sessão de autógrafos (confira dados abaixo).
Os textos que integram este livro demonstram que foi o Estado, e não a livre iniciativa, a mola propulsora do veloz desenvolvimento dos Estados Unidos ao longo do século 19. Naquele período, o país deixou a condição de subdesenvolvido e alcançou o status de maior economia do planeta, suplantando as economias da Inglaterra, França e Alemanha juntas. Baseados no exame de vasta literatura, os autores mostram que nos anos 1800 a intervenção estatal foi decisiva para a rápida expansão das fronteiras para o oeste. A chamada “marcha” se deu a bordo da capilaridade de extensa malha ferroviária e um sem número de universidades que, construídas com forte apoio do poder público, desencadearam a urbanização. No século 20, o governo impulsionaria a estratégica área de inovação. A União bancava boa parte dos custos dos projetos de desenvolvimento por meio da doação de propriedades no começo do século 19, pois era dona de nada menos do que 80% das terras do país, fatia que superava os cinco milhões de quilômetros quadrados, área equivalente a mais de “meio Brasil”. Apenas para as ferrovias, o governo federal doou, diretamente, cerca de 530 mil quilômetros quadrados, o que equivale aos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina juntos. Para a educação destinou mais de 400 mil quilômetros quadrados. À generosidade das políticas do governo de Washington para diversos setores somaram-se estímulos de políticas intervencionistas dos estados federados e governos locais, em especial na regulação de atividades econômicas como manufaturas, bancos e comércio, e na edificação dos internal improvements, sem os quais a indústria e o gigantesco mercado interno dos Estados Unidos não teriam se viabilizado em tal velocidade. As próprias associações civis floresceram à sombra do Estado, que por meio de suas agências sempre se empenhou na criação, proliferação e manutenção desses grupos organizados. “Contudo [...], até mesmo analistas sofisticados insistem em minimizar essa intervenção do comando estatal no desenho do modelo socioeconômico, em particular quando o discurso se dirige a países em desenvolvimento, como uma ‘lição da história’”, escrevem os autores.