PARA LER AS ILUMINAÇÕES DE RIMBAUD
Poucas são as obras dedicadas à poesia moderna que não façam referência à produção poética de Arthur Rimbaud. Em sua lírica, ocorrem simultaneamente a ruptura com certa tradição literária e a criação de uma linguagem e de uma técnica de escritura que vão repercutir profundamente na poesia posterior. O livro trata de um estudo sobre a obra As iluminações, precedido de reflexões sobre a produção literária do poeta e de caracterizações do poema em prosa. Um dos poemas mais importantes dessa obra, "Parade", termina com uma frase desafiadora: "Somente eu tenho a chave dessa parada selvagem". Com esse desafio irônico, o poeta chamava atenção para um dos pontos fundamentais de sua poética: o texto põe em questão nossos hábitos de leitura, desafia nosso conhecimento lógico, faz com que coloquemos os pés em um universo cuja ordem não é mais aquela que percebemos na realidade.
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Nesta longa e minuciosa pesquisa, realizada quase totalmente na Itália entre 2001 e 2009, Maria Betânia Amoroso recupera e analisa as impressões deixadas por Murilo Mendes entre os italianos durante o período em que ele viveu naquele país (1957 a 1975). Seu maior objetivo é contribuir para a releitura do percurso do poeta e de sua abrangente obra, ao iluminar aspectos ainda poucos estudados de sua trajetória. Conhecido principalmente por sua poesia, Murilo Mendes, católico atuante nos anos 1930 e 1940, foi na verdade um intelectual completo: poeta, ensaísta, crítico de arte, jornalista.
O tema "autobiografia" surge neste livro abordado com competência metodológica e bibliográfica, sendo uma coletânea de ensaios que estuda as diferentes possibilidades e sentidos do gênero, ou subgênero autobiografia, discutindo as relações da autobiografia com as questões identitártias, assim como analisando a intersecção da autobiografia com o romance, a escritura e a linguagem. A divisão dos capítulos insere o leitor na complexidade do tema, anunciando diferentes formas de enfocar e estabelecer parâmetros de análise.
Apesar de ter ganho o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras em 1937, Magma, de João Guimarães Rosa, ficou inédito, por vontade do autor, até 1997, quando foi publicado postumamente. Mesmo reconhecendo, como o próprio Rosa, o estatuto de obra menor dessa única incursão do magistral autor de Grande sertão: veredas no terreno da lírica, Maria Célia Leonel, professora da UNESP, Campus de Araraquara, percebeu e pôs-se a estudar, de maneira cuidadosa e original, a importância dos poemas de Magma na germinação da prosa poética do ficcionista, sobretudo de Sagarana, sua primeira publicação.
Machado de Assis, como revelam suas correspondências, era personalidade presente e ativa no cenário do Rio de Janeiro. O fundador da Academia Brasileira de Letras frequentava cafés, restaurantes e confeitarias em reuniões e tertúlias acaloradas. Esse era um pano de fundo obrigatório de sua vida social e certamente foi um dos elementos que emolduraram sua trajetória pessoal e literária. Neste livro, Rosa Belluzzo procura redesenhar o Rio de Janeiro gastronõmico da época machadiana. Um olhar mais rigoroso sobre o que então estava disponível ao paladar de Machado não apenas auxilia um passo rumo ao maior conhecimento da história cultural de sua época, mas nos aproxima do escritor, humaniza-o e permite, de forma original, que se vislumbre no gigante o ser humano que partilhou dores e prazeres (inclusive culinários).
Este trabalho analisa um dos aspectos mais característicos das duas décadas que antecederam ao Movimento Modernista, a literatura satírica, tomando como exemplo a de São Paulo. São focalizadas especialmente as obras de Monteiro Lobato, Juó Bananére, Cornélio Pires e Hilário Tácito.