Os acontecimentos emergem meramente em consequência de determinadas causas ou, muito além disto, são geradores de novas possibilidades? Num exemplo: o peso histórico da queda da Bastilha, em 1789, provém dos fatos desencadeados ao longo daquele longínquo 14 de julho ou dos múltiplos reflexos daquela ruptura que continuam a influenciar as sociedades contemporâneas?
Nesta obra, François Dosse empreende uma vasta investigação do conceito de acontecimento, conforme as diferentes épocas e os diversos campos de conhecimento, com o objetivo de encontrar pistas para compreender a nova relação do acontecimento com a historicidade na era contemporânea. Hoje, ele escreve, assiste-se à reabilitação do acontecimento, numa reviravolta que questiona e relativiza as noções de estrutura, de longa duração, de invariante, de história imóvel.
O acontecimento que ressurge, demonstra o autor, embute uma ideia perturbadora, de algo que abarca o ambiente de antes da erupção e segue em direção ao depois, abraçando suas causas e seus vestígios. O que se assiste não seria, assim,o simplesretorno de um acontecimento factual, e sim o nascimento de um novo olharsobre ele: “Ao mesmo tempo Esfinge e Fênix, o acontecimento foge, por natureza, a qualquer pretensão redutora”, escreve Dosse, sugerindo a impossibilidade de, por mais que se investigue, confinar o acontecimento entre as fronteiras de um conceito.
Autor de 3 livros disponíveis em nosso catálogo.
Os ensaios deste livro do historiador François Dosse discutem, entre outras coisas, a questão da identidade nacional tal como ela orientou o discurso histórico francês até o começo do século XX e o seu abandono sob a égide das ciências sociais e do estruturalismo; a importância da hermenêutica de Paul Ricoeur para o historiador ou ainda as interpretações de Maio de 68 e a influência exercida por aquele acontecimento-ruptura sobre a disciplina histórica. O autor analisa também a trajetória de alguns dos principais representantes da Nova História, como Georges Duby, Fernand Braudel e François Furet, e se detém sobre luminares do pensamento estruturalista, como Roland Barthes, Jacques Lacan e Michel Foucault. Apesar da diversidade aparente dos temas, os textos retomam as preocupações de François Dosse para com o estruturalismo e suas relações com a história (e seu esfacelamento).
O autor Jack Goody faz aqui uma intrigante pergunta: o Renascimento foi apenas um, ou muitos? Por meio de um estudo comparativo, ele procura relacionar as eras douradas das culturas ocidentais e orientais, traçando paralelos entre o Renascimento italiano e o florescimento intelectual de outros países. O grande ponto de interesse de sua reflexão está no fato dele não ignorar a importância das contribuições europeias, mas de também procurar outros grandes desenvolvimentos despertados em outras partes do mundo.
Febvre e Martin levantam os seguintes problemas: A que necessidades o livro veio satisfazer? Que tarefas cumpriu? A que causas serviu ou prejudicou? As respostas são cuidadosamente inseridas nos seus contextos sociais e culturais. Mostram como o livro desempenhou papel fundamental na veiculação das idéias durante o Renascimento, a Revolução Cientítica, a Reforma e a Revolução Francesa, e como esse avanço se refletiu em suas próprias condições de produção, saindo dos pequenos ateliês e se transformando em uma grande indústria.
O ateísmo é tão antigo quanto as religiões, que durante muito tempo o moldaram e perseguiram. No entanto, se existem estudos profundos e abundantes acerca da história das religiões, impera um vazio historiográfico sobre a descrença. Esta obra, de Georges Minois, é uma contribuição seminal para o preenchimento dessa lacuna, para ele fruto, principalmente, da conotação negativa que se atribuiu ao ateísmo ao longo dos séculos. Tal conotação estampa-se já nos termos usados para designá-lo, constituídos de prefixos privativos ou negativos - a-teísmo, des-crença, a-gnosticismo, in-diferença. E ainda na intolerância da cultura ocidental em relação ao descrente - 'A palavra ateu ainda carrega um vago odor de fogueira', escreve Minois. Monumental, a pesquisa abrange desde os povos primitivos até a cultura ocidental do século 21, mostrando que a história do ateísmo não é linear - não parte de um cenário exclusivamente religioso para chegar a um trunfo absoluto da descrença. Ao contrário, demonstra Minois, ateísmo e fé convivem lado a lado na trajetória humana, contrapondo-se, como duas faces da mesma moeda. Suas feições, porém alternam-se através do percurso.