Em Contra os retóricos, aqui editado em grego e português, o filósofo antigo Sexto Empírico coloca em discussão uma das mais importantes pretensões de sistematização da linguagem entre os gregos, desde os sofistas: a Retórica. Paradigma dos céticos, ele ataca neste texto, um dos seis que integram a obra Contra os professores, os que professam a possibilidade de ensinar essa arte, argumentando, inclusive, que não se trata de “arte”.
Extremamente original em sua época e atual ainda hoje, o livro mostra, a partir de uma perspectiva pragmática, como a discussão sobre a Retórica é central no pensamento grego e como influenciou o campo de estudos da linguagem, que atualmente passa pela Linguística, pela teoria literária, pela Filosofia e pela teoria da comunicação.
O texto encontra ecos na época contemporânea ainda porque as questões céticas – como o problema do critério, as pretensões ao conhecimento, a possibilidade da vida feliz –, tradicionais na Filosofia, parecem ter estado sempre presentes na mente humana, ganhando relevo em tempos de crise. Além disso, sem levar em conta a retomada do antigo ceticismo, no início da Modernidade, é impossível compreender o pensamento moderno.
Em Contra os retóricos, Sexto Empírico começa demonstrando que não se pode definir a Retórica, pois não existe um conceito unânime acerca da técnica, nem mesmo entre os filósofos dogmáticos. Em seguida, ele recorre a definições aristotélicas e platônicas da Retórica, para chegar à posição acadêmica, a qual reúne os elementos necessários para que ele refute, provisoriamente, a noção estoica. Mas, então, faz a defesa da Retórica, por meio de argumentos de características estoicas, para concluir que a “arte” é inconsistente.
O último golpe que ele desfecha sobre a Retórica emerge de uma análise acurada das partes que a constituem. Quando aborda a finalidade da Retórica, Sexto Empírico passa também a delinear os ataques que lançará, em seguida, tanto ao critério estóico quanto ao acadêmico (ao qual aderiu inicialmente).
Como em suas demais obras, o filósofo investe, neste livro, contra o dogmatismo, utilizando como recurso os argumentos das próprias doutrinas, contrapondo-os de modo que se refutem uns aos outros e anulem-se. O objetivo de tal esforço é questionar a presunção da sabedoria e do conhecimento, apontar as aporias, controvérsias e disputas em torno do que seria a verdade, demolir pretensões acerca de critérios para se alcançar a verdade e, em conseqüência, a sabedoria. Inversamente, ele também ataca a negação radical da possibilidade do conhecimento, uma espécie de dogmatismo negativo.
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Edição bilíngue da obra clássica do filósofo antigo Sexto Empírico. Nela, o cético aponta o papel crucial do uso comum das palavras para a compreensão da linguagem e o bom filosofar. Alerta para os sentidos técnicos e problemáticos com que os dogmáticos usavam as palavras, critica a tentativa de uma gramática geral, de princípios universais, e defende uma concepção convencionalista da linguagem.
"Esta edição combina partes de Against Method com excertos de Science in a Free Societ, acrescido de um capítulo sobre o julgamento de Galileu e outro sobre a noção de realidade que parece ser requerida pelo fato de que o conhecimento é parte de um processo histórico complexo. Defendo dois pontos de vista: primeiro, que a ciência pode ficar em pé sobre suas próprias pernas e não precisa de nenhuma ajuda ... ; segundo, que culturas, procedimentos e pressupostos não-científicos também podem ficar em pé sobre suas próprias pernas e deveria ser-lhes permitido fazê-lo, se tal é o desejo de seus representantes.
Esta edição bilíngue dos hinos homéricos destina-se a todos aqueles que se interessam pela Mitologia, Religião, Língua, Literatura da Grécia Antiga e Antropologia. Todos os esforços foram envidados para que tanto a tradução dos hinos quanto os estudos sobre as divindades gregas homenageadas ficassem também ao alcance do leitor culto, de amplos interesses humanísticos, que já sabe (ou pelo menos desconfia) que a mitologia grega é muito mais do que uma simples coleção de antigas lendas sobre deuses e heróis da Grécia Antiga.
O ponto de partida da teoria da recursão consiste em analisar de maneira conceitual, em termos matematicamente precisos, as noções intuitivas de algoritmo e função algorítmica. Norteia a investigação lógica de nosso tempo e foi alvo de estudos de lógicos e matemáticos como Gödel, Turing, Kleene e Rosser, entre outros do mesmo calibre. Este livro, que preenche uma lacuna na literatura especializada em língua portuguesa e que, segundo Newton da Costa, tende a “se tornar um clássico entre nós”, oferece uma visão clara do que se faz atualmente em um terreno dos mais interessantes e significativos deste campo.
Instigante, profundo, informativo, esclarecedor e atraente, este livro demonstra um perfil da relação do grande iluminista Voltaire com a história e com a historiografia. Ao enriquecer o retrato de Voltaire, um dos mais fascinantes autores do século XVIII, Marcos Antônio Lopes concilia aspectos inovadores e tradicionais do pensamento desse iluminista, propondo que o vejamos como continuador e renovador de um antigo gênero literário (o dos espelhos dos príncipes), ao construir um modelo de príncipe ideal, devotado à boa administração dos negócios públicos e ao aperfeiçoamento das artes e das ciências. Resultado do trabalho solitário do autor dos textos voltairianos e de conversações, que manteve por vários anos, com pesquisadores de diversas instituições.