Ao traduzir e organizar esta coletânea, publicada originalmente em 1965, Tzvetan Todorov revelou aos leitores franceses a existência de uma notável escola de análise literária que prosperara em São Petersburgo (posteriormente, Leningrado) e Moscou entre 1915 e 1930. Trata-se de uma das poucas obras publicadas no Ocidente que apresentam textos da volumosa produção dos integrantes dos chamados formalistas russos, fundadores da escola formalista, que revolucionou a crítica literária, deu origem à lingüística estrutural e influencia ainda hoje o pensamento científico.
O legado teórico do Círculo Línguístico de Moscou, criado em 1914-1915 pelos jovens pesquisadores, entre os quais Roman Jakobson, Victor Chklóvski e Boris Eichenbaum, se tornou determinante para o substrato metodológico da Escola de Praga, reverberando inclusive na posterior análise estruturalista.
As ideias dos formalistas, no entanto, sofreram enorme resistência, tanto de críticos mais tradicionalistas, que os acusavam de se ligar demasiadamente à forma em detrimento do que a arte teria de mais elevado, quanto de teóricos marxistas, que esperavam dessa nova poética algum engajamento político-social. Seu conceito de literariedade, por exemplo, foi duramente criticado por teóricos do mundo todo durante décadas, por supostamente não dar conta da substância da literatura e estreitar sem sucesso os limites de uma obra de arte.
A polêmica em torno desse e de outros conceitos presentes nesta obra ainda persiste no meio intelectual, após quase cinqüenta anos de sua primeira edição no Ocidente – o que sugere a dimensão de sua importância
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Neste ensaio, que integra a Coleção Todorov, o filósofo búlgaro percorre um único domínio do vasto campo da Antropologia para estudar o ser humano a partir de um ângulo incomum. Ele busca compreender não o lugar que o homem ocupa na sociedade, mas, ao contrário, o lugar que a sociedade ocupa no homem: “Em que consiste, para o indivíduo, a exigência de conhecer apenas uma vida em comum?”.
Tzvetan Todorov percorre neste livro várias correntes e tradições de estudos da simbólica da linguagem, ou seja, a esfera dos chamados sentidos indiretos da linguagem, aqueles que são como que acrescentados a seu primeiro sentido, chamado de “direto”. O autor ressalta, porém, que o prefixo negativo em “indireto” não deve ser considerado um fenômeno ocasional. Ao contrário, diz, a produção indireta de sentido se manifesta em todos os discursos, e muitas vezes de forma preponderante.
Todorov define este livro como o estudo das diferentes maneiras de compreender e definir os “fatos simbólicos”, afirmando que não cabe, portanto, fazer uma definição liminar do símbolo. Ele opta por abordar um conjunto de disciplinas que no passado dividiram o terreno do signo e do símbolo: a semântica, a lógica, a retórica, a hermenêutica, a estética, a filosofia, a etnologia, a psicanálise, a poética. “O símbolo constitui o objeto deste livro: como coisa, não como palavra. Não se encontrará aqui uma história do termo “símbolo’”, escreve.
Análise Estrutural de Romances Brasileiros retoma obras como O Guarani, A Moreninha, O Cortiço, Esaú e Jacó, Vidas Secas, Laços de Família e Legião Estrangeira, e sobre elas experimenta o mais variado instrumental de análise estrutural de textos narrativos.
Até mesmo os que ainda ensaiam os primeiros passos em estudos literários poderão encontrar neste livro um caminho de acesso ao amplo e complexo tema do foco narrativo e fluxo da consciência. Se o terreno é árido e a abordagem da obra rigorosa, o texto é agradável e fluente. Partindo das teorias mais amplas para as mais específicas, o autor, Alfredo Leme Coelho de Carvalho, intercala explicações acerca dos marcos desses conceitos com exemplos concretos de sua aplicação, sempre citando obras clássicas.