ENSAIO DE ANTROPOLOGIA GERAL
Neste ensaio, que integra a Coleção Todorov, o filósofo búlgaro percorre um único domínio do vasto campo da Antropologia para estudar o ser humano a partir de um ângulo incomum. Ele busca compreender não o lugar que o homem ocupa na sociedade, mas, ao contrário, o lugar que a sociedade ocupa no homem: “Em que consiste, para o indivíduo, a exigência de conhecer apenas uma vida em comum?”.
Todorov almeja melhor compreensão do objetivo da existência humana. E demonstra que é preciso ir além do que se percebe a partir de concepções correntes (e antagônicas), carregadas de conceitos antropológicos subjacentes. Tais concepções induzem a pensar que o objetivo da existência humana é o desenvolvimento do indivíduo, a realização de si ou o progresso da sociedade, ainda que este implique em sacrifício de certas vantagens do indivíduo.
Para Todorov, estas duas versões do ideal humano participam de uma mesma concepção do homem, que o representa em antagonismo com seu meio social, tornando necessário escolher: o indivíduo ou a sociedade.
Ele professa, porém, que “o si mesmo” existe apenas na e por sua relação com os outros e “intensificar a troca social significa intensificar o si mesmo”: “Tomar consciência de que o objetivo do desejo humano não é o prazer, mas a relação entre os homens, pode, ao mesmo tempo, nos permitir reconciliar-nos com situações que pareceriam insatisfatórias sob outros critérios e agir de forma a melhorar a vida da sociedade de modo duradouro e geral”.
Interessado especialmente em Rousseau – para quem a vida em sociedade é uma vocação humana, embora, em aparente contradição, ele vivesse solitário –, Todorov dialoga nesta obra compensadores de várias épocas, como Montaigne, Kant, Nietzsche, La Rochefoucauld e Freud. Ele recorre ainda, “mais do que habitualmente”, à literatura: “As verdades desagradáveis – para o gênero humano ao qual pertencemos, ou para nós mesmos – têm maiores possibilidades de conseguir exprimir-se em uma obra literária do que em uma obra filosófica ou científica”.
Autor de 4 livros disponíveis em nosso catálogo.
Tzvetan Todorov percorre neste livro várias correntes e tradições de estudos da simbólica da linguagem, ou seja, a esfera dos chamados sentidos indiretos da linguagem, aqueles que são como que acrescentados a seu primeiro sentido, chamado de “direto”. O autor ressalta, porém, que o prefixo negativo em “indireto” não deve ser considerado um fenômeno ocasional. Ao contrário, diz, a produção indireta de sentido se manifesta em todos os discursos, e muitas vezes de forma preponderante.
Ao traduzir e organizar esta coletânea, publicada originalmente em 1965, Tzvetan Todorov revelou aos leitores franceses a existência de uma notável escola de análise literária que prosperara em São Petersburgo (posteriormente, Leningrado) e Moscou entre 1915 e 1930. Trata-se de uma das poucas obras publicadas no Ocidente que apresentam textos da volumosa produção dos integrantes dos chamados formalistas russos, fundadores da escola formalista, que revolucionou a crítica literária, deu origem à lingüística estrutural e influencia ainda hoje o pensamento científico.
Todorov define este livro como o estudo das diferentes maneiras de compreender e definir os “fatos simbólicos”, afirmando que não cabe, portanto, fazer uma definição liminar do símbolo. Ele opta por abordar um conjunto de disciplinas que no passado dividiram o terreno do signo e do símbolo: a semântica, a lógica, a retórica, a hermenêutica, a estética, a filosofia, a etnologia, a psicanálise, a poética. “O símbolo constitui o objeto deste livro: como coisa, não como palavra. Não se encontrará aqui uma história do termo “símbolo’”, escreve.
O objetivo desta pesquisa foi refletir sobre o movimento dos habitantes do rio Uaupés (afluente do rio Negro) em direção ao mundo dos brancos, buscando delinear o seu sentido segundo os princípios da sociocosmologia nativa. Ela dedica-se a pensar as transformações que ocorrem no modo de vida dos índios uma vez que eles deixam suas comunidades de origem, situadas ao longo de toda a faixa ribeirinha, e passam a residir na cidade de São Gabriel da Cachoeira. Ao se mudar para a cidade, a população indígena realiza um movimento de descida dos rios Uaupés e Negro para se fixar no curso médio desse último. Parte do pressuposto de que uma reflexão sobre o movimento dos habitantes do Uaupés em direção à cidade precisa considerar, de um lado, suas implicações para as relações sociais e o modo como ele se vê implicado por elas; de outro, as concepções cosmológicas que informam a imagem dos índios sobre si mesmos e sobre os brancos.
Este é o primeiro de três volumes da obra de Koch-Grunberg, a serem publicados pela Editora UNESP. Trata-se dos relatos da viagem empreendida por Theodor Koch-Grunberg pela região Norte do Brasil e Venezuela, no período de 1911 a 1913. O autor faz, sobretudo, um levantamento etnográfico e lingüístico dos povos indígenas da região; transcreve também suas lendas e mitos de origem, que mais tarde inspiraram Mário de Andrade na redação de Macunaíma. O volume traz reproduções de fotografias originais do autor, reveladas e ampliadas em plena viagem. Os volumes seguintes contarão, também, com desenhos originais, que reproduzem em detalhes objetos e a arte dos povos encontrados pelo pesquisador.